Um comentário na página do Instagram da Polícia Civil de Alagoas (PC-AL) levou os policiais do Núcleo de Investigação Especial (NIESP), da Delegacia-Geral, ao paradeiro de um pastor, de 79 anos, denunciado pelo estupro de duas filhas, gêmeas e adotivas, durante sete anos, quando elas ainda eram crianças. O homem foi capturado na cidade de Amaraji, no interior de Pernambuco, nessa terça-feira (9).
De acordo com a polícia, a irmã das vítimas viu a publicação de uma prisão na rede social da PC-AL e comentou: "Achei que seria o pai das minhas irmãs, mas infelizmente não foi o maldito". A partir do post, a polícia entrou em contato com a dona do perfil do Instagram e colheu mais informações sobre o caso. A mulher disse que busca por ajuda há dois anos, mas que ninguém havia tomado providência. De quinta-feira (4) até essa terça, os policiais foram às ruas e descobriram o endereço do pastor, que estava escondido em Pernambuco.
"As investigações indicaram que o foragido da Justiça, idoso de 79 anos de idade, autor da prática do crime de estupro de vulnerável contra as próprias filhas, adotivas e gêmeas, estaria naquele município vivendo uma vida pacata e escondendo o passado criminoso. Ele é pastor de uma igreja evangélica há mais de 30 anos. Lá, mantinha a habitual profissão, e fazia visitas constantes a capital Recife", iniciou o policial civil Welber Cardoso.
"Ele foi localizado em sua residência. Os moradores da localidade se surpreenderam com a ação da polícia alagoana, haja vista que o pastor era muito conhecido da comunidade. Ele foi conduzido à delegacia local e depois recambiado pelo NIESP até a Central de Polícia de Arapiraca. Ele aguarda agora a audiência de custódia", acrescentou.
Da denúncia à confissão
Natural de Caruaru, o pastor confessou o crime no momento da prisão nessa terça-feira e alegou que era aliciado pelas filhas. A polícia confirmou que o homem abusava das meninas desde quando elas tinham 7 anos de idade. A violência sexual apenas cessou em 2022, depois que as gêmeas completaram 14 anos.
O preso contou aos policiais que passou 50 anos no estado de São Paulo, onde constituiu famílias e teve três filhos, porém ao ficar viúvo, conheceu a mãe das filhas gêmeas e iniciou uma nova relação amorosa.
"Ele levou a senhora para morar com ele em Itaquaquecetuba. Ela é natural de Craíbas. Ele estando em São Paulo conseguiu adotar as irmãs gêmeas, de 3 ou 4 anos na época, pela Comarca de Arapiraca. Ele levou elas para São Paulo e quando elas completaram 7 anos, ele começou os abusos sexuais. O coito sexual, penetração, vagina e pênis. Quando se aposentou, ele veio morar em Craíbas e os abusos continuaram", destacou Welber Cardoso.
Já adolescentes, as gêmeas começaram a entender os abusos que sofriam e o crime que eram vítimas. Elas conversaram com a irmã, que apresentou o caso para a polícia. Após a repercussão na mídia, o pastor fugiu para São Paulo e depois se mudou para Pernambuco, onde tentava uma vida nova.
Dia do último crime
Por volta das 7h do dia 15 de maio de 2022, o pastor abusou sexualmente, pela última vez, de uma das filhas, já com 14 anos, e houve a conjunção carnal. O crime aconteceu na residência da família, no Sítio Lagoa Torta, zona rural do município de Craíbas.
Naquele mesmo dia, segundo a polícia, o pastor já tinha abusado da irmã gêmea dela. Inclusive, no mês de abril de 2022, o homem também teria praticado estupro contra as duas. O período marcou a descoberta da irmã, que logo agiu contra o homem.
O Ministério Público de Alagoas confirmou, à época, que as irmãs eram abusadas desde os 7 anos, quando ainda moravam na cidade de Itaquaquecetuba, em São Paulo. Agora, o pastor fica à disposição da Justiça.