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A autoridade monetária continua afirmando que a incerteza ao redor das projeções, especialmente para 2023, é maior do que o usual, devido tanto a fatores externos como domésticos O Banco Central (BC) revisou sua projeção para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022 de 2,7% para 2,9% de crescimento, mantendo 2023 em 1%, de acordo com o Relatório de Inflação Trimestral (RTI) publicado nesta quinta-feira.Segundo o BC, as alterações em relação às previsões apresentadas no relatório anterior, de setembro, foram bastante influenciadas pelo resultado do PIB do terceiro trimestre de 2022 e pela revisão das séries históricas das Contas Nacionais, do IBGE, que elevaram o carregamento estatístico do terceiro trimestre para o PIB de 2022 e diminuíram o carregamento para o PIB de 2023."As projeções atuais refletem a perspectiva de que a desaceleração da atividade econômica se consolide no quarto trimestre deste ano e ao longo de 2023, sob influência da esperada desaceleração global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica", afirma a autoridade monetária.A alta na projeção do PIB para 2022 refletiu, sob a ótica da produção, elevação na previsão para o setor de serviços (de 3,4% para 4,1%), parcialmente compensada por recuo nas estimativas para agropecuária (de zero para -2%) e indústria (de 2,4% para 1,9%).Com relação aos componentes domésticos da demanda agregada, a estimativa para a variação do consumo das famílias passou de 3,9% para 4,2%, a do consumo do governo de 0,7% para 1,6% e a da formação bruta de capital fixo (FBCF) de baixa de 0,4% para avanço de 0,7%. "De modo geral, as alterações refletem revisões nas séries históricas, que elevaram as variações interanuais do primeiro semestre. No caso do consumo das famílias, também contribuiu a desaceleração menos pronunciada do que a prevista no terceiro trimestre", diz o relatório.Para 2023, a projeção de crescimento continuou em 1%, com manutenção da perspectiva de arrefecimento na demanda interna e nos componentes mais cíclicos da oferta.O BC continua afirmando que a incerteza ao redor das projeções, especialmente para 2023, é maior do que o usual, devido tanto a fatores externos como domésticos. "No cenário externo, permanecem desafios para o desempenho da atividade econômica global, decorrentes de aperto da política monetária em diversos países, da evolução da guerra na Ucrânia e, na China, da crise no setor imobiliário e da incerteza acerca da política de covid zero", aponta. "No âmbito doméstico, há elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal. Também persistem incertezas sobre a magnitude dos estímulos fiscais em 2023 e sobre sua transmissão para a atividade econômica."O resultado da expansão fiscal sobre a atividade econômica opera por diferentes canais, segundo o BC. Por um lado, diz, maiores estímulos fiscais, através de seus efeitos diretos, podem ajudar a sustentar a demanda agregada, especialmente no curto prazo. Por outro lado, estímulos fiscais adicionais, especialmente se impactarem a percepção de sustentabilidade da dívida pública, podem prejudicar as condições financeiras e o crescimento econômico. "Portanto, o resultado final depende da combinação da magnitude da expansão fiscal no curto prazo e da formulação exata do novo arcabouço fiscal", conclui a autoridade monetária.Marcello Casal Jr/Agência Brasil