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Maceió

Pai de menino autista faz apelo contra excesso de barulho de motocicletas na Chã da Jaqueira

Leonardo e o filho, o pequeno Matheus Leonardo e o filho, o pequeno Matheus | Foto: Cortesia ao TNH1
Leonardo e o filho, o pequeno Matheus Leonardo e o filho, o pequeno Matheus | Foto: Cortesia ao TNH1

"Imagina você ver seu filho assustado e correndo chorando dentro de casa, outras vezes ele fica estressado e agressivo. É muito difícil, nos deixa muito angustiado". O convite à reflexão é do mecânico Leonardo Matheus, pai do pequeno Mateus, de apenas 4 anos, que recentemente foi diagnosticado com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Leonardo é morador da Rua Manoel Inácio, uma das vias principais da Chã da Jaqueira, na parte alta de Maceió, e contactou uma página do Instagram (@jaqueiraordinario), para compartilhar uma situação que afeta quem tem um filho com autismo: o barulho provocado por motociclistas no bairro, muitas vezes feito de forma proposital.

O sofrimento de Mateus se deve à hipersensibilidade auditiva das pessoas com TEA. Ele gravou um desses momentos onde o barulho, boa parte desnecessário, acontece na via principal do bairro.

"Quase todos os dias a gente escuta barulhos de motos com canos de escape cortados. Um barulho horrível para quem tem hipersensibilidade. Não falo só pelo meu filho, embora esteja esgotado. Mesmo que não existisse o autismo, temos idosos e pessoas acamadas em todos os lugares. Sempre vai ter alguém que é mais sensível e essa galera precisa entender que isso é chato, é errado. Não é legal passar em ruas movimentadas provocando esse tipo de barulho, não tem necessidade", queixa-se.

"Quando vejo meu filho numa crise mexe muito comigo. A gente que é pai ou mãe se indigna, mas o que podemos fazer é acalmar, cuidar para que ele fique bem e pedir mais empatia", acrescenta o mecânico.

Por que crianças autistas são sensíveis ao barulho?

Imagem: Freepik

A hipersensibilidade de crianças como Mateus é muito comum, sobretudo em época junina por conta dos fogos de artifícios. Ao UOL, a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em psicologia do desenvolvimento pela pela USP (Universidade de São Paulo), explicou o fenômeno.

"O fator é, inclusive, um dos critérios levados em conta na hora de fechar o diagnóstico. Um latido de cachorro ou uma buzina de caminhão, por exemplo, podem ser suficientes para causar pânico em crianças dentro desse espectro.

É como se eles escutassem todos os sons do ambiente de uma só vez sem focar a atenção em nenhum deles, provocando uma sobrecarga naquele sentido. "É algo que foge ao controle deles", explica a neuropsicóloga Deborah Moss, mestre em psicologia do desenvolvimento pela pela USP (Universidade de São Paulo).

A hipersensibilidade sensorial pode ainda acometer outros sentidos:

  • No caso do tato, a criança pode ter medo de texturas e evitar andar descalço na grama ou usar meias, por exemplo.
  • Quando atinge o paladar, pode fazer com que o indivíduo coma apenas alimentos pastosos, ou só secos.
  • No campo visual, luzes intensas também podem provocar essa sobrecarga sensorial, que acaba causando desconforto e até comportamentos agressivos nos autistas.

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