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"Desenrola", programa para renegociar dívidas, será focado em quem recebe até 2 salários


O modelo, que está sendo desenvolvido pelo governo federal, prevê financiamento para pagamento de dívidas bancárias e não bancárias com descontos O governo federal está fechando os detalhes do programa "Desenrola" e pretende apresentar a medida ainda neste mês. Promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ação é voltada para negativados, visa a renegociar contas e impulsionar o consumo das famílias. O modelo prevê financiamento para pagamento de dívidas bancárias e não bancárias com descontos.

Pelos números que estão com o governo, hoje, são cerca de 70 milhões de endividados, com dívidas de R$ 300 bilhões. Desse total, dois terços são dívidas não bancárias.

As conversas em andamento não limitam o acesso ao programa de acordo com a renda da pessoa, mas haverá diferença entre as condições. O programa mais vantajoso, com juros menores e com risco assumido pelo Tesouro, deve contemplar até 40 milhões de pessoas que estão endividadas e têm renda de até dois salários mínimos (equivalentes hoje a R 2.604).

Outra vertente do Desenrola atenderia pessoas acima dessa renda, mas sem participação do governo e com o risco dos bancos.

Aporte do Tesouro

A maior discussão, atualmente, gira em torno do aporte do Tesouro num fundo garantidor de operações, nos moldes do Pronampe (criado durante a pandemia para socorrer pequenas empresas). A expectativa é que o aporte do Tesouro gire em torno de R$ 10 bilhões a R$ 20 bilhões.

No início do programa, devem ser usados recursos que estão disponíveis no Fundo de Garantia de Operações, vinculado ao Banco do Brasil e que deu suporte ao Pronampe. Com o fundo, o governo garante que a eventual inadimplência será paga. Assim, o banco consegue oferecer juros mais baixos. Essa é uma conta complexa, porém, porque é preciso uma taxa de inadimplência. E o público-alvo do programa tem um perfil de crédito considerado de risco pelos bancos.

Já os credores só poderão acessar o programa se concederem descontos na dívida. Essa será uma condição obrigatória. Embora ainda não exista definição sobre um percentual mínimo de desconto, a Fazenda já asseverou nas reuniões internas que quem oferecer mais desconto terá prioridade.

O programa deve concentrar em uma plataforma de devedores, credores e bancos. Hoje são dados que estão descentralizados e ainda precisarão ser unificados. Essa plataforma será gerida pelos bureaus de crédito, como a Serasa e o SPC.

A intenção é criar um site em que o consumidor, com o uso do CPF, irá consultar suas dívidas e demostrar interesse em negociar. Com isso, as empresas credoras poderão fazer uma oferta de desconto, com os maiores abatimentos tendo prioridade. Essa dívida será paga a partir da oferta de financiamento feita pelos bancos, que também vão concorrer entre si sobre quem terá melhores condições. Haverá limite de dívidas cobertas por pessoa e uma data de corte para os valores negociados.

Joel Santana/Pixabay

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