Nesta quinta-feira, 19, o Grupo Americanas entrou com pedido de recuperação judicial motivado por uma crise financeira. A empresa informou um rombo fiscal de R$ 20 bilhões, além de confirmar uma dívida R$ 43 bilhões. Com o temor do mercado financeiro sobre a habilidade da empresa de honrar seus débitos, as ações da companhia despencaram no Ibovespa. Em um pouco mais de uma semana, a empresa viu seus papéis caírem cerca de 53%, valendo menos de R$ 1,50. Em 11 de janeiro, o valor era de R$ 12. Contabilizando os últimos 30 dias, as ações derreteram 84,42%. Além disso, agência de classificação de riscos Fitch Ratings alterou o rating da companhia para ‘C’, nível que representa que iniciou-se um processo de inadimplência ou similar e que a capacidade de pagamento está irrevogavelmente prejudicada, segundo o site da Fitch. A Moody’s também alterou seu rating para ‘Caa3’, o que representa a identificação de um alto risco de crédito, enquanto a S&P Global Ratings alterou para ‘D’, que indica default no pagamento de um compromisso financeiro ou quebra de uma promessa imputada. A Americanas conta com cerca de 150 mil acionistas na bolsa de valores. Com o pedido de recuperação judicial, como os investidores devem lidar com as ações da companhia? Para o sócio da Maza Investimentos e especialista em Investimentos CEA, Paco Fazito, comprar mais ações visando reduzir seu preço médio é um erro e não deve ser feito. Ele aponta que o processo de recuperação judicial da empresa deve se alongar por bastante também, tornando a aquisição de papéis pouco atrativa.
“Em relação as opções de manter ou vender, vai depender de diversos fatores, como qual o percentual da empresa na sua carteira, quais são seus prazos de investimento, quão confortável você fica com esse ativo em sua carteira e se você acredita que a empresa pode sair da recuperação judicial e crescer nos próximos anos. Essa reflexão é importante para entender seu perfil como investidor. Caso a presença desse ativo lhe tire a paz e você não acredite que possa melhorar, venda sua posição. Caso contrário, segure suas ações. É importante lembrar que você pode superar uma perda em um ativo com outro”, indica. Paco ainda ressalta que as ações da Americanas registraram uma queda de 85,50% no intervalo de 11 e 18 de janeiro e, para que a ação retorne aos valores anteriores este período, é necessário que esta se valorize 589,66%. Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, afirma que o mercado tem se mostrado cético a uma recuperação imediata da empresa. “Desde que começou a crise, recomendados que o investidor não comprasse, não operasse vendido, e nem comprasse debêntures da companhia dado ao nível de risco muito alto. A B3 já anunciou que ela será excluída de 14 índices. Mas diversos ETFs (Exchange Traded Funds) seguem nos índices. Eles precisão vender passivamente os papéis da companhia para se enquadrarem na nova composição do Ibovespa. Ainda vai haver muita volatilidade, tanto para cima como para baixo, mas não veja oportunidade clara para o investidor nesse papel. Vejo muito risco ainda e uma deterioração muito grande de imagem e do operacional. Não sugerimos comprar, quem tem deveria vender. Mas como teve uma redução de valor grande, de repente só manter”, observa.
Especialista em investimentos, Danilo Zanini observa que o mercado financeiro penaliza muito as empresas que acabam quebrando a credibilidade executiva. “Por mais que o cenário seja ainda desafiador, a minha sugestão para aqueles que tem ações da Americanas é mantê-las na carteira , pois o grande prejuízo já foi concretizado. A ação já saiu do patamar de R$12 e caiu para R$1, ou seja, este investidor já perdeu a maior parte. Caso venha um cenário ainda pior, o prejuízo será apenas de R$1 por ação. Ainda tem muita coisa para acontecer, como negociações com fornecedores, com bancos e muitas coisas que vamos descobrir a seguir, então ela pode até ter uma recuperação e pra quem já possui essas ações pode ter a chance de recuperar parte deste prejuízo. Para aqueles que não possuem as ações e se questionam se seria a oportunidade de comprá-las pelas ações estarem tão baratas, a minha sugestão é tomar muito cuidado. A empresa não tem condições de seguir com as operações, não tem como pagar fornecedores e é um caso totalmente atípico na bolsa de valores. É uma situação complicada e extremamente delicada que pode sim fazer uma empresa quebrar. Resumindo, quem tem ações é melhor manter e quem não tem, não é a melhor hora para comprar”, avalia.
Jovem Pan