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Covid-19

Entenda o que aconteceu no Peru e por que o governo decretou estado de emergência


A região de Lima e Callao, no Peru, amanheceu nesta terça-feira, 5, sob estado de emergência e toque de recolher imposto pelo presidente Pedro Castillo – investigado por supostos crimes de tráfico de influência e conluio. “O Conselho de Ministros aprovou declarar a imobilidade cidadã (toque de recolher) das 2h00 da manhã até 23h59 da noite do dia 5 de abril para resguardar a segurança cidadã”, afirmou o esquerdista Castillo em uma mensagem ao país exibida na televisão perto da meia-noite de segunda-feira, 4. “Ficam suspensos os direitos constitucionais relacionados com a liberdade e segurança pessoal, à inviolabilidade do lar e à liberdade de reunião e movimento”, diz o decreto. Mais de 10 milhões de habitantes estão impossibilitados de sair de casa durante o dia. A decisão do mandatário é em resposta às manifestações que acontecem desde o dia 28 de março e são realizadas por grupos que tentam restabelecer a paz e a ordem interna.

A razão para os protestos que tiveram início na semana passada, quando caminhoneiros bloquearam as estradas das principais rodovias para Lima e ocasionou o aumento nos preços dos alimentos, está relacionada ao acréscimo nos valores dos combustíveis e dos pedágios, originados pelo conflito entre Rússia e Ucrânia que acontece desde o dia 24 de fevereiro. O governo chegou a emitir uma declaração de emergência para o setor agrícola devido ao aumento dos preços dos fertilizantes, amônia, ureia e outros nutrientes do solo. Diversos atos de violência, incluindo incêndios em postos de pedágio nas estradas, saques em algumas lojas e confrontos entre manifestantes e policiais, foram registrados na segunda-feira em vários pontos do país, na primeira greve enfrentada pelo governo Castillo, que assumiu o poder há oito meses. Estima-se que cerca de quatro pessoas morreram e mais de 20 ficaram feridas. O líder peruano apelou para à calma e serenidade, entretanto, reconheceu que o protesto social é um direito constitucional, e afirmou que deve ser feito “no quadro da lei, respeitando a integridade das pessoas, bem como a propriedade pública e privada”. Essas manifestações foram os revés mais recentes do governo de Castillo, que foi eleito com apoio dos camponeses mas viu sua popularidade cair.

Profissionais da saúde, água, saneamento básico, eletricidade, combustível, telecomunicação, limpeza, serviço funerário, transporte de cargas e mercadorias estão isentos de cumprir a medida. Já “os trabalhadores dos setores público e privado só devem realizar trabalho remoto, segundo as regulamentações do assunto”, informou Castillo. Durante o final de semana, o governo tentou reverter a situação e propôs eliminar a maioria dos impostos sobre os combustíveis como forma de abaixar os preços e aumentou o salário mínimo em aproximadamente 10% para 1.205 soles (R$ 1.500) por mês. A medida, válida a partir do dia 1º de maio, vem em um momento em que a economia peruana tenta superar os prejuízos provocados pela pandemia de Covid-19 e já lutava contra a alta inflação – em março o Peru atingiu a máxima em 26 anos – e em coincidência com o 30º aniversário do autogolpe de Estado do ex-presidente Alberto Fujimori, atualmente preso, em 5 de abril de 1992. Entretanto, a proposta não foi aceita uma vez que na segunda os manifestantes voltaram às ruas, e vários incidentes violentos foram registrados.

As decisões também afetaram o mundo do futebol. O Flamengo, que ia estrear na Copa Libertadores da América 2022 nesta terça-feira, diante do Sporting Cristal, pode ter o jogo adiado pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol). O São Paulo, que enfrenta o Ayacucho, pela Copa Sul-Americana, na quinta-feira, 7, ia embarcar para o Peru nesta terça, mas adiou sua viagem para quarta em decorrência da situação que o país se encontra e do toque de recolher que está em vigor.

Jovem Pan

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