A um dia de deixar a presidência do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, criticou a atuação do órgão nesta segunda-feira, 30, durante mais uma reunião do conselho para discutir a guerra no Oriente Médio, que acontece desde o dia 7 de outubro e já deixou mais de 9.000 mortos. “Conselho fez reuniões, escutou os discursos e não tomou nenhuma decisão fundamental para colocar fim ao sofrimento humano das pessoas na Faixa de Gaza. Fracassamos vergonhosamente”, disse o chanceler, que atribuiu a culpa desse impasse aos membros permanentes do conselho que utilizam o lugar para defender seus próprios interesses. “Não conseguimos prosseguir devido aos impasses dos membros permanentes e graças ao uso persistente do conselho para defesa de seus interesses próprios ao invés de colocar, acima de tudo, a proteção de civis”, disse.
“A crise humana atual é grave e sem precedentes e não conseguimos cumprir com nossa responsabilidade de garantir a segurança internacional devido aos antagonismos antigos”, acrescentou Vieira, que fez a declaração sob condição de chanceler brasileiro. O Brasil presidente até terça-feira, 31, o conselho. Em novembro a presidência vai para China. “Se não atuarmos agora, mais quantas vidas vamos perder?”, questionou, enfatizando que o fracasso do Conselho é inaceitável. “Todos veem nossa incapacidade de trabalharmos unidos para por resposta a crise humana que devido aos problemas que existe neste conselho”, declarou.
Desde que a guerra no Oriente Médio começou, quatro resoluções para o conflito passara pela ONU, contudo, todas foram rejeitadas. A do Brasil foi a que ficou mais perto de ser aprovada, com 12 votos a favor, 2 abstenções e 1 voto contra, dos Estados Unidos, que, por serem membro permanente, tem poder para vetar uma resolução mesmo que tenha obtido maioria dos votos. As outras três resoluções apresentadas foram: duas da Rússia e uma dos Estados Unidos. Durante sua declaração, Vieira reforçou o posicionamento do Brasil pela necessidade da realização de corredores humanitários para que possa retirar os civis da região e permitir o ingresso de ajuda humanitária, e prestou condolências para a família das vítimas da guerra, destacando os profissionais da ONU que morreram enquanto trabalhavam.
O chanceler brasileiro também enfatizou que a situação no Oriente Médio é apenas uma das que estão bloqueadas no Conselho de Segurança, o que indicada a “ineficácia do sistema de governança”, algo que não permitirá corrigir o faro histórico na região e que se não solucionar logo haverá mais sofrimento. Antes de finalizar sua fala, Vieira corrigiu e reforçou uma fala que falou durante seu posicionamento: “Se continuarmos fracassando, isso vai gerar um preço ainda mais alto de vida humanos, mas também será um fracasso para o multilateralismo e as nações unidas, em especial para esse conselho”. O Conselho de Segurança da ONU é o responsável por zelar pela paz internacional. Ele tem cinco membros permanentes: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Fazem parte do conselho rotativo Albânia, Brasil, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça e Emirados Árabes.
Jovem Pan