Ódio, frieza, crime planejado, três alvos e uma vida ceifada. Os elementos caracterizam o italiano Pasquale Palmieri, denunciado, nessa quinta-feira (18) pelo Ministério Público de Alagoas (MPAL), por meio da 9ª Promotoria de Justiça da Capital. Os promotores de Justiça, Rodrigo Soares e Dênis Guimarães, pedem a manutenção da prisão preventiva até que o réu seja levado a júri popular pelo assassinato do bacharel em Direito, José Benedito Alves de Carvalho, bem como pela tentativa de feminicídio contra a ex-mulher do denunciado, e outra tentativa de homicídio contra a advogada desta, Maricélia Schlemper.
Na denúncia, os promotores destacam as qualificadoras diante da ação criminosa para cada vítima. Contra José Benedito da Silva, o crime de homicídio consumado, por motivo torpe, visto que Pasquale Palmieri nutria ódio por sua ex-mulher e pela advogada dela, Maricélia Schlemper, que seriam os alvos iniciais do denunciado, o qual, por não lograr êxito em assassiná-las, já que José Benedito agiu rapidamente para salvar a vida de sua esposa, o denunciado, por vingança, deflagrou dois disparos contra José Benedito, que faleceu antes mesmo de chegar ao hospital. Além disso, o crime foi praticado mediante recurso que impediu qualquer defesa da vítima, a qual estava desarmada, enquanto o criminoso, de forma planejada, já havia abordado as vítimas com uma arma escondida na cintura, de forma dissimulada, fingindo cordialidade – diz a denúncia.
Sobre a ex-mulher de Palmieri, o crime se trata de feminicídio tentado, também por motive torpe, no caso vingança, motivada pelas diversas ações judiciais que tramitavam na Vara da Família, e na tentativa de impedir a divisão de bens e cumprir a lei no tocante ao pagamento de pensão alimentícia. O criminoso chegou a mirar em direção a sua ex-mulher, puxar o gatilho, mas a munição pinou.
Da mesma forma, ocorreu crime de homicídio tentado contra a vítima Maricélia Schelemper, por motivo torpe e vingança, pois o denunciado acreditava que a advogada era quem aconselhava sua ex-mulher e teria contribuído para o seu infortúnio conjugal e judicial.
"Para os fatos não há argumentos, o denunciado inclusive foi preso em flagrante e, além das vítimas, testemunhas deram depoimentos que embasaram ainda mais o inquérito. Os crimes foram cometidos de forma premeditada, contra pessoas indefesas, e ainda usando de má-fé ao se apresentar de forma amigável quando aguardava o momento por ele considerado oportuno, para atirar. Revela-se que o denunciado insistiu para que seu advogado solicitasse audiência presencial, num momento em que, por conta da pandemia, as audiências estão sendo realizadas de forma remota. O denunciado usou como argumento o de que queria ficar de frente à frente com sua ex-mulher para lhe falar algumas coisas, e só assim iria fazer o acordo na Justiça, mas já tinha em plano matar tanto sua ex-mulher como a advogada dela, e ludibriou a justiça porque viu nesta a oportunidade de matar ambas no mesmo momento. Ressaltando que há um histórico de violência e periculosidade contra o denunciado, pois há dois anos a advogada Maricélia sofria ameaças, e ele já chegou a fazer campana em frente a residência dela, há denúncias de violência doméstica contra a ex-mulher e as provas são suficientes para denunciá-lo e pedir que seja mantido encarcerado", relatam os promotores de Justiça, Rodrigo Soares e Dênis Guimarães.
O crime
No dia, 9 de março de 2021, conforme consta nos autos, em frente ao Fórum Jairon Maia Fernandes, no bairro Barro Duro, em Maceió, Maricélia Schlemper e seu esposo José Benedito estacionaram o carro e seguiram ao encontro da ex-mulher do italiano, quando o mesmo se aproximou e, ironicamente, cumprimentou a advogada indagando se, naquele dia, chegariam a um acordo.
Em seguida à resposta da advogada, Pasquale sacou um revólver do calibre 32 e mirou em direção à cabeça de sua ex-mulher avisando que "não teria acordo nenhum". Apesar de puxar o gatilho, a munição pinou. Da mesma forma ocorrendo quando apontou para a advogada Maricélia. José Benedito, vendo a intenção criminosa do italiano, passou à frente de Maricélia, sua esposa, e a empurrou, tirando-a do foco do denunciado, o que reforçou o ódio do denunciado que, dessa vez, ao apertar o gatilho, conseguiu deflagrar dois tiros contra José Benedito, sendo um na mão e outro na região torácica, vitimando-o fatalmente.
O fato levou à consternação a sociedade e mobilizou várias instituições do meio jurídico. A advogada-vítima é professora do curso de Direito do Cesmac e o fato também abalou o alunado. Pelas redes sociais, por meio televisivo ou impresso, o crime ainda causa repercussão.