Com bandeiras e cartazes, milhares de argentinos protestaram no sábado, 27, contra a vacinação privilegiada da Covid-19 no país. O escândalo, que ficou conhecido como “Vacina Vip”, custou o cargo do ministro da saúde, Ginés González García. Os manifestantes se concentraram na Praça de Maio, em Buenos Aires, e em outras cidades, como Córdoba, Rosário e Mar del Plata. Os cartazes estampavam frases como “o pior governo da história” e “devolva minha vacina”. Algumas faixas também pediam a renúncia do alto escalão do governo, a exemplo do que fez González no último dia 20.
No protesto, os participantes também encheram sacos de lixo para representar os mais de 50 mil mortos pelo coronavírus no país. Eles colocaram nomes de algumas vítimas junto com a mensagem “estava esperando a vacina“. O escândalo da “vacina Vip” veio à tona em 19 de fevereiro, depois que o jornalista Horacio Verbitsky, de 69 anos, contou em um programa de rádio que recebeu uma dose da vacina Sputnik V depois de conversar com o então ministro da saúde. Segundo uma reportagem do jornal “La Nación”, o chefe de gabinete e sobrinho de González, Lisandro Bonelli, de 44 anos, também teria sido vacinado. González também teria distribuído doses do imunizante para amigos, servidores e secretários de governo que não fazem parte do grupo prioritário de vacinação.
O professor de relações internacionais Manuel Furriela explica que, diferente do que aconteceu em outros países, como no Brasil, as pessoas privilegiadas são ligadas ao alto escalão do governo. “No caso da Argentina, o alto escalão foi beneficiado e organizou esse sistema. Então é difícil a gente concluir que o presidente da República na Argentina e os seus ministros não tivessem conhecimento dessa organização.” Embora a Argentina tenha iniciado a vacinação no dia 29 de dezembro, foram imunizados até agora apenas 1,6% da população com a primeira dose. Já a segunda dose foi aplicada em 0,65% dos argentinos.
*Com informações da repórter Nicole Fusco
Jovem Pan