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A empresa pretende reunir e centralizar em uma só Vara os inúmeros processos trabalhistas e de outras esferas que o grupo João Santos acumula O Grupo João Santos, fabricante do Cimento Nassau, recebeu nesta sexta-feira (23) o deferimento do pedido de recuperação judicial feito na 15ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de Pernambuco, sede de sua administração. O conglomerado entrou com a solicitação na terça-feira (20) e representa 43 empresas, todas contempladas pelo mesmo processo. As companhias podem, no entanto, apresentar planos de recuperação diferentes.O grupo soma R$ 13 bilhões em dívidas, valor listado no processo, afirma em entrevista ao Valor João Rogério Filho, economista e sócio-diretor da PPK Consultoria, responsável pela condução da reestruturação econômico-financeira da recuperação judicial. “Mas existem diversos créditos que ainda não se conhece o valor, e a empresa tomou o cuidado de já provisionar passivos na ordem de R$ 6 bilhões a serem trazidos, a mais, para a recuperação judicial”, diz.A empresa pretende reunir e centralizar em uma só Vara os inúmeros processos trabalhistas e de outras esferas que o grupo acumula. “Com isso, é possível dimensionar o tamanho do problema e propor uma solução definitiva econômica e financeiramente”, afirma João Rogério.Em 2021, o grupo Nassau foi alvo de uma operação da Polícia Federal sobre prática de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal, crimes denunciados em dossiê elaborado por herdeiros do espólio e ex-funcionários, que foi entregue às autoridades em 2018. Os irmãos José e Fernando Santos, que estavam à frente do grupo, são investigados por formar um esquema criminoso que transformou um passivo tributário de R$ 8,6 bilhões em patrimônio próprio.Operação da PF no Grupo NassauReprodução/TVJosé e Fernando foram destituídos do comando do grupo em uma assembleia realizada em agosto, conforme mostrou o Valor. Os sócios presentes reprovaram as contas do grupo e, como consequência imediata, afastaram os administradores. Foram nomeados os executivos Paulo Narcélio, ex-presidente da OGX, e Guilherme Rocha, ex-administrador de Fernando de Noronha. A ata foi arquivada pela Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe).“O processo de recuperação judicial vem ao encontro da necessidade de organização, método e transparência que a nova gestão, iniciada há quatro meses, vem trazendo na condução dos negócios do grupo. Com os ajustes de diretrizes e o apoio dos agentes envolvidos, o grupo retomará a posição de destaque que já teve no cenário nacional”, declaram, em nota, Narcélio e Rocha.Com o deferimento do processo de recuperação judicial, a companhia tem o prazo de 60 dias para apresentar seu plano de recuperação, que será posteriormente avaliado pelos credores. A expectativa da empresa é que o plano seja aprovado pela assembleia de credores em até um ano.