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Solução para crise climática exige ações colaborativas para ter grande escala


Empresa de valor compartilhado, a Biomas nasce para proteger e restaurar quatro milhões de hectares de matas nativas no Brasil A urgência em promover ações para proteger e restaurar florestas nativas brasileiras foi o gatilho da criação da empresa Biomas, lançada durante a 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 27), realizada em novembro no Egito.

A nova empresa de impacto nasce a partir da sociedade de seis empresas — Santander, Itaú Unibanco, Marfrig, Rabobank, Suzano e Vale — que abraçaram o desafio de desenvolver ações coordenadas em larga escala para a preservação da biodiversidade brasileira nos próximos 20 anos.

A meta da Biomas é proteger e restaurar quatro milhões de hectares de florestas nativas, com ênfase na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica. A área sob proteção corresponde ao território do Estado do Rio de Janeiro ou toda a área da Suíça. A expectativa é que a Biomas possa contribuir para a proteção de mais de quatro mil espécies de animais e plantas.

Cristiano Oliveira, porta-voz da Biomas, diz que a meta da empresa é contribuir para a solução da crise climática, incorporando a biodiversidade e gerando valor para as comunidades vizinhas das regiões incluídas. “A Biomas é uma empresa de impacto que se propõe a trabalhar em uma escala impensável até agora."

Segundo Oliveira, a ideia do projeto surgiu na COP 26, realizada na Escócia. “Percebemos que, sem escala, a questão climática não vai ter solução. Por isso a ideia de unir experiências de grandes empresas que já desenvolvem ou apoiam projetos sustentáveis”, afirma.

Diante dos quatro milhões de hectares incluídos no raio de atuação da Biomas, o maior desafio está relacionado às ações de restauração. “Aqui vamos ter que desenvolver toda nossa capacidade de estabelecer parcerias e pensar diferente, inovar de fato”, diz.

O porta-voz da Biomas destaca o trabalho con­junto com o poder público para entender como otimizar processos de pesquisa e tecnologia florestais que fomentem as melhores práticas para o plantio e restauro de florestas nativas. Apesar de ter somente sócios da iniciativa privada, a Biomas tem como premissa a valorização das parcerias com a sociedade civil, academia, institutos de pesquisa e governos.

Cristiano Oliveira, porta-voz da Biomas: “Sem escala, a questão climática não vai ter solução. Por isso a ideia de unir experiências de grandes empresas que já desenvolvem ou apoiam projetos sustentáveis.”

Divulgação

Funcionamento

Inicialmente cada empresa sócia da Biomas fará um aporte de R$ 20 milhões, totalizando R$ 120 milhões. Oliveira ressalta que esse valor não será usado para financiar a operação de conservação e restauração das florestas: “O aporte será destinado a custear despesas administrativas. A fonte do financiamento dos projetos de restauração e conservação virá da comercialização de créditos de carbono. Entre remoções e emissões evitadas, estimamos reduzir da atmosfera cerca de 900 milhões de toneladas de carbono equivalente em duas décadas”, detalha.

A Biomas vai atuar na identificação dos impactos de carbono e comercializar esses créditos no mercado voluntário, por enquanto. Parte do trabalho vai focar a identificação de alguns tipos de créditos de carbono, relacionados à remoção e a emissões evitadas.

“O papel da Biomas vai ser cada vez mais protagonista nesses fóruns de discussão global sobre mudanças climáticas, sobre a biodiversidade e questões sociais. Acreditamos que é necessário o fortalecimento do mercado regulado de carbono para fazermos essa transição climática, tão necessária, mas o modelo de negócio inicialmente não depende desse mercado”, afirma Oliveira.

O modelo de negócio está baseado na Sociedade de Propósito Específico (SPE). Segundo o porta-voz, a empresa pretende trabalhar com propriedades privadas e áreas públicas por meio de processos licitatórios de concessões florestais nas esferas federal e estaduais.

“Vamos receber antecipadamente pela comercialização dos créditos de carbono. É necessário modernizar a Lei nº 11.284, de março de 2006, justamente para incentivar a geração de crédito de carbono, assim como outros mecanismos que incentivem a restauração e a conservação das florestas”, afirma Oliveira.

Embora o Brasil ainda não trabalhe com o mercado regulado de comercialização de créditos de carbono, Oliveira aposta na expansão do mercado voluntário. “Há um interesse crescente em créditos de alta integridade, ou seja, que são sustentáveis no longo prazo e que geram impactos na biodiversidade e do ponto de vista social."

A Biomas deverá entrar em operação durante o primeiro semestre de 2023, pois ainda depende de aprovações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica e do Banco Central. Segundo Oliveira, os primeiros dois anos de atuação serão dedicados a pesquisar formas de reduzir custos e monitorar questões de biodiversidade. “A partir de 2025, vamos começar a escalar os projetos de restauração”, prospecta.

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