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Guedes diz que medidas do governo "quebraram dinâmica inflacionária" e critica previsões negativas sobre a economia


Ministro também afirmou que o ciclo de alta nos juros deve estar se completando este ano e reforçou promessa de mais investimentos públicos e aceleração dos programas de transferência de renda O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou nesta segunda-feira a queda da projeção do mercado para a inflação de setembro. Citando o Boletim Focus, ele lembrou que a estimativa passou de alta de 0,17% “para ligeira deflação”.

“O importante não é o número em si, mas o fato de que já teríamos quebrado a espinha do processo inflacionário”, afirmou na sétima edição do Congresso Brasileiro da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

Leia também: Análise: Piora nas projeções de inflação para 2024 coloca mais pressão às vésperas do Copom

Guedes chamou atenção para os cortes de impostos sobre tarifas de importação, produtos da cesta básica, combustíveis e eletricidade, entre outros itens.

“Isso quebrou um pouco essa dinâmica inflacionária. Ao mesmo tempo, [houve] o Banco Central de um lado trabalhando forte com as taxas de juros”, disse, reforçando que a autoridade monetária brasileira saiu à frente de seus pares no exterior e que o Brasil está com “juros reais positivos já há bastante tempo”.

Ele também mencionou o quadro “fiscal muito forte” do país, afirmando que pela primeira vez em 13 anos o Brasil deve registrar superávit primário nos três níveis de governo: federal, estadual e municipal.

Guedes também destacou positivamente que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostrou nesta segunda-feira deflação de 0,95% no grupo alimentação. O indicador mede os preços apenas na capital paulista.

Assim, segundo ele, no Brasil atualmente “há de um lado aceleração do crescimento econômico, e do outro [há] inflação descendo”.

O ministro ainda afirmou que a China “está enfrentando um forte surto de covid”, com o “crescimento descendo rapidamente”. Na avaliação de Guedes, a China e “o resto do mundo” estão “com imensos problemas à frente”.

Por fim, ele relatou que se reuniu mais cedo nesta segunda-feira com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ocupa temporariamente a Presidência da República, em função da viagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) para o Reino Unido.

Paulo Guedes, ministro da Economia

Cristiano Mariz/O Globo

Críticas às previsões pessimistas

No evento da Abimaq, Guedes falou que há muito barulho na política, mas ressaltou que o Brasil mudou de eixo de crescimento. Fazem parte dos ruídos as previsões negativas sobre a economia brasileira, como uma queda de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano da pandemia, a impossibilidade de uma recuperação em “V”.

“Passaram o ano falando em populismo fiscal e estamos indo para o superávit”, comentou, referindo-se a analistas de mercado e jornalistas.

Os erros de previsão ocorreram também por “gente bem intencionada” que não percebeu a mudança na estrutura da economia.

“Estamos saindo da economia dirigista em direção a uma economia de mercado com consumo de massa”, afirmou.

Quando há mudança de estrutura, disse, os modelos perdem aderência. Os que previam investimentos baseados no investimento público erraram, pois há R$ 900 bilhões em investimentos privados já contratados para os próximos dez anos. Com o impulso do setor privado, os investimentos estão saindo da faixa de 13% a 14% para 19%, disse.

“Foram nove ou 10 revisões seguidas de crescimento para cima e inflação para baixo”, comentou, a respeito dos erros de previsão.

Queda dos juros

Na previsão de Guedes, o ciclo de alta nos juros deve estar se completando este ano, e, em 2023, possivelmente as taxas estarão descendo. “Teremos o fim da desaceleração cíclica”, disse.

O Brasil podia estar crescendo algo como 3% ou 4% este ano, afirmou o ministro. Não está porque os juros estão elevados, atuando como um “componente de desaceleração cíclica.” “Ano que vem, com inflação e juros menores, tem reaceleração cíclica”, disse a uma plateia de empresários.

Ele afirmou ainda que é falsa a narrativa que não estão sendo criando empregos. Foram abertas 16,1 milhões de vagas, da quais 7 milhões formais em dois anos, disse. “É bem mais que os 10 milhões em oito anos que estão defendendo”, comentou.

O Auxílio Brasil, frisou o ministro, é “a maior transferência de renda que já aconteceu no Brasil”. É uma base robusta para o consumo de massa dos que precisam de assistência social, disse. Esse pode ser outro componente da “surpresa” do crescimento acima do esperado pelos analistas.

“Dinheiro na veia para baixa renda, para sustentar o consumo popular, essa turbina está ligada”, listou. “A outra turbina, o investimento privado, está ligada.”

Mais investimentos públicos e transferência de renda

Guedes disse também que mais ferramentas para recuperação do investimento público e aceleração dos programas de transferência de renda estão a caminho. Sem dar detalhes, o ministro falou em fundos e acrescentou que o Fundo de Erradicação da Pobreza deverá ser utilizado caso Bolsonaro vença a eleição.

Uma ideia que circulou em sua equipe era distribuir à população de baixa renda, por meio desse fundo, recursos obtidos com privatização de empresas estatais e dividendos. Havia também a ideia de destinar parte desses recursos ao reforço de investimentos públicos.

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