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Apropriando-se de símbolos nacionais, Bolsonaro há meses tem convocado seus apoiadores a participarem de manifestações na data. As celebrações pelos 200 anos de Independência do Brasil, com os tradicionais desfiles militares pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, ocorrem nesta quarta-feira e se transformaram em um verdadeiro teste de força do presidente Jair Bolsonaro (PL) a menos de um mês das eleições.Leia também:Com queima de fogos, bolsonaristas iniciam 7 de Setembro com ataques a Lula e à esquerdaDiferença de Lula para Bolsonaro cai a 10 pontos percentuais, diz pesquisa Genial/QuaestMarco do bicentenário se torna demonstração de força de caráter eleitoralApropriando-se de símbolos nacionais, Bolsonaro há meses tem convocado seus apoiadores a participarem de manifestações na data. Por conta disso, nenhum outro chefe de Poder deve comparecer ao desfile. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, não confirmou presença no evento e foi aconselhado a ir somente se a cúpula do Legislativo comparecesse. No entanto, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), declarou que não irá à cerimônia. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sequer estará em Brasília. Ele vai cumprir agenda em Alagoas.Principal adversário de Bolsonaro na corrida presidencial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ficar em casa, justamente para evitar conflitos.Na noite de terça-feira, uma forte tensão se instalou nos bastidores por conta da pressão de Bolsonaro sobre o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para permitir que caminhões entrassem na Esplanada, desautorizando uma ordem das forças de segurança que vetaram o ingresso desses veículos. No ano passado, caminhoneiros apoiadores de Bolsonaro chegaram a romper barreiras de segurança na véspera e ameaçaram invadir o prédio do Supremo.O Exército, responsável pela organização da celebração, teria inclusive sido acionado pelo presidente ontem para cadastrar cerca de 60 veículos, mas Ibaneis garantiu que vai cumprir o acordo fechado com órgãos de outros Poderes e não deve autorizar sequer que os caminhões se aproximem da rodoviária do Plano Piloto, que fica a cerca de 5 quilômetros da Praça dos Três Poderes.Com os caminhões vetados, bolsonaristas ainda trabalhavam com a expectativa de adentrar a área das comemorações com 27 veículos agrícolas enviados por produtores rurais de todo país, realizando uma “tratociata” após o desfile oficial, com o objetivo de demonstrar apoio de representantes do agronegócio à reeleição de Bolsonaro. Os 27 tratores e veículos agrícolas representariam todos os Estados do país, segundo informaram os manifestantes ao Valor.Bolsonaro começará o dia em um café da manhã com ministros e outras autoridades no Palácio da Alvorada. Às 8h30, ele deve se encaminhar, possivelmente escoltado por apoiadores, em uma “motociata”, até a Esplanada. O desfile começará às 9h, com a presença de tropas militares, escolas, desfile de blindados e aeronaves. Ao todo, devem participar cerca de 3,1 mil militares. Ao final, o presidente deverá subir em um trio elétrico e fazer um discurso – o teor da fala será o principal ponto de atenção do dia: enquanto interlocutores da ala política, especialmente ligados ao Centrão, defendem que Bolsonaro seja moderado e evite conflitos que podem desgastar ainda mais sua imagem junto ao eleitorado, alas mais radicais do bolsonarismo querem que ele mostre sua versão mais incendiária como forma de contagiar as massas.Cumprida a etapa em Brasília, Bolsonaro embarcará para o Rio, onde participará de uma manifestação na orla de Copacabana.Marcello Casal Jr/Agência Brasil