Biden contraria conservadores e anuncia perdão de dívida estudantil em até 20 mil dólares

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta quarta-feira (24) o cancelamento de até US$ 20 mil de dívidas de empréstimos estudantis para milhões de americanos. A medida agradará os progressistas, mas poderá aumentar a inflação, segundo conservadores ouvidos pelo “Financial Times”.

A medida foi adotada após meses de discussões sobre a estrutura exata do esquema de perdão da dívida. O governo calcula que os americanos têm hoje cerca de US$ 1,6 trilhão em dívidas estudantis pendentes e pode levar muitas décadas, especialmente entre os mais pobres, para quitar seus pagamentos.

O governo perdoará US$ 10 mil de dívidas de pessoas que ganham menos de US$ 125 mil por ano. Esse perdão aumentará para US$ 20 mil para aqueles que estudantes ou ex-estudantes com necessidades financeiras excepcionais. Biden também anunciou que a moratória de pagamentos será estendida até o fim do ano.

Perdão de dívidas nos EUA: Biden também anunciou que a moratória de pagamentos será estendida até o fim do ano

Adam Schultz/Casa Branca

Biden pausou a maioria dos pagamentos de dívidas estudantis durante a pandemia de coronavírus, mas estava sob pressão de muitos à esquerda do Partido Democrata para cancelar uma grande parte da dívida, se não toda ela. No entanto, alguns economistas alertaram que isso poderia aumentar a pressão sobre as já altas taxas de inflação do país.

Elizabeth Warren, senadora democrata, pedia por anos o perdão da dívida estudantil e prometeu durante sua fracassada candidatura presidencial em 2020 cancelar US$ 50 mil em dívidas para 95% dos tomadores de empréstimos.

Se Biden cancelasse US$ 10 mil para cada aluno, isso eliminaria completamente o saldo devedor de quase um terço dos mutuários e somaria US$ 321 bilhões em pagamentos no total, de acordo com um estudo do Federal Reserve de Nova York. No entanto, Marc Goldwein, diretor de política do Comitê para um Orçamento Federal Responsável, centro de estudos conservador, calculou que isso eliminaria quase completamente o impacto deflacionário da Lei de Redução da Inflação, recentemente aprovada.

Valor Invest