O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na manhã desta sexta-feira, 27, os dados PNAD Contínua. Pesquisa mostra que a taxa de desocupação no Brasil é a maior desde o início da série histórica, em 2012. No trimestre de julho a setembro de 2020, a taxa de desocupação chegou a 14,6%. São 14,1 milhões de pessoas desempregadas, um aumento de 1,3 milhão em relação ao segundo trimestre deste ano. A taxa de desocupação subiu em dez estados e ficou estável nos demais. Bahia teve a maior taxa (20,7%) e Santa Catarina, a menor (6,6%). Na região nordeste, o desemprego chegou a 17,9%.
“Houve maior pressão sobre o mercado de trabalho no terceiro trimestre. Em abril e maio, as medidas de distanciamento social ainda influenciavam a decisão das pessoas de não procurarem trabalho. Com o relaxamento dessas medidas, começamos a perceber um maior contingente de pessoas em busca de uma ocupação”, observa a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. A taxa da população ocupada também bateu recorde e caiu 1,1% em relação ao trimestre anterior. O contingente de ocupados reduziu para 82,5 milhões de pessoas. O número de pessoas com carteira assinada diminuiu para 29,4 milhões. Uma queda de 2,6%, o equivalente a 788 mil pessoas, comparado ao segundo trimestre.
O número de mulheres desempregadas é maior do que o de homens. A taxa de desocupação do sexo feminino no último trimestre é de 16,8% e a do sexo masculino, 12,8%. Em relação ao recorte racial, as populações de pretos e pardos foram as mais afetadas. Entre as pessoas pretas, a taxa foi de 19,1%, enquanto a dos pardos foi de 16,5%. A região nordeste registrou a maior taxa de desemprego. O nordeste chegou a 17,9%, a maior taxa entre as regiões. A região sul registrou a menor, 9,4%. “A taxa de desocupação, na comparação trimestral, subiu em dez unidades da federação, permanecendo estável nas demais. Ou seja, nenhuma unidade da federação do país conseguiu mostrar uma retração dessa taxa no terceiro trimestre. Isso mostra que todos os estados tiveram, de alguma forma, o mercado de trabalho bastante afetado”, analisa Adriana.
Agricultura e construção registram aumento
Únicas atividades que registraram um aumento no contigente da população ocupada foram construção e agricultura. “A atividade da construção foi a que mais aumentou no período. Isso porque pedreiros ou outros trabalhadores conta própria, que tinham se afastado do mercado em função do distanciamento social, retornaram no terceiro trimestre com a reabertura das atividades e a demanda por pequenas obras, como reformas de imóveis”, explica Adriana. O aumento no setor da construção foi de 7,5%, o que representa 399 mil pessoas a mais. Na agricultura, o aumento foi de 3,8%, o que corresponde a 304 mil trabalhadores. “A agricultura, de modo geral, tem ritmo diferente das demais atividades. Além disso, o setor sofreu menos os efeitos da pandemia, pois é uma atividade que se situa no campo, onde o impacto do distanciamento social foi menor do que na cidade”, disse a analista.
Fonte: Jovem Pan