O escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) pediu nesta sexta-feira, 7, uma investigação independente, completa e imparcial do Ministério Público sobre a operação da Polícia Civil contra o tráfico de drogas no bairro do Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro, que deixou 25 mortos, incluindo um policial. Segundo agências internacionais, o porta-voz dos Direitos Humanos da ONU, Rubert Colville, afirmou que essa foi a operação mais letal da história do Rio. “Pedimos que o promotor conduza uma investigação independente e completa do caso de acordo com os padrões internacionais”, disse em coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça. “Recebemos preocupantes denúncias após o ocorrido de que a polícia não tomou as medidas necessárias para preservar as provas na cena do crime, o que pode dificultar a investigação desta operação trágica e letal”, denunciou Colville, que ressaltou que a segurança das testemunhas deve ser garantida para que elas sejam protegidas de toda “intimidação ou tentativa de represália”.
O porta-voz afirmou que a ação confirma “uma prolongada tendência ao uso desnecessário e desproporcional da força nas favelas pela polícia brasileira” e disse considerar “especialmente perturbador” o fato de a operação ter sido organizada após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin ter restringido as operações policiais no Rio de Janeiro durante a pandemia do coronavírus. O subsecretário Operacional da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rodrigo Oliveira, em coletiva de imprensa na tarde de quinta-feira, 7, afirmou que foram cumpridos todos os protocolos estabelecidos pelo STF. “A operação faz parte de um inquérito da delegacia de proteção à criança e ao adolescente que, na sexta-feira passada, emitiu 21 mandados de prisão contra criminosos situados no bairro de Jacarezinho. Diante do tripé da inteligência, investigação e ação, a Polícia Civil deflagrou a operação que teve início na manhã de hoje. Deixo muito claro que todos os protocolos exigidos pelo STF foram cumpridos”, disse. Colville falou ainda que é necessário fazer um debate amplo e inclusivo sobre o modelo de manutenção da ordem nas favelas brasileiras e que a força deve ser usada somente como último recurso.
Fonte: Jovem Pan