Com a posse de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20/1), o Viva Maria aborda a ameaça que o segundo mandato do republicano traz aos imigrantes e à defesa dos direitos das minorias.
Para tratar do tema, esta edição do programa conversa com a enfermeira e ativista feminista Miriam Marques, que mora em Nova Iorque. Entre outras ações, ela participa da Rede Nacional de Trabalhadores Diaristas, que presta apoio a brasileiras que trabalham nos EUA e que ainda não conseguiram documentação. Miriam conta que a volta da extrema direita e a política de deportação em massa de Trump causa muita preocupação e apreensão na classe trabalhadora.
"Calcula-se que o número de imigrantes não documentados nos Estados Unidos é de aproximadamente 11,7 milhões de pessoas e os brasileiros são cerca de dois milhões. Infelizmente, é uma grande hipocrisia desse país, essa narrativa de que os imigrantes causam mais violência, os imigrantes roubam empregos dos estadunidenses, o que não é verdade. Por quê? Primeiro porque, se eles estivessem roubando os empregos dos estadunidenses, não teria os empregos para eles pegarem. Na verdade, eles fazem os trabalhos mais pesados, mais difíceis e sem nenhum direito. Aqueles que os estadunidenses não querem."
Miriam também rebate a narrativa de que os imigrantes causam mais violência.
"São narrativas que usam como bode expiatório para esconder a realidade de que é um país que não tem política social para o seu povo. Um país onde não tem um sistema único de saúde. Não tem direitos sociais de nenhum tipo, nenhum apoio à moradia. Dos países ricos, é o que tem mais pessoas morando nas ruas, além das epidemias que eles têm de opioides, de drogas, enfim, é um país cheio de problemas, resultado da má distribuição da renda, da falta de políticas sociais. Então eles querem mascarar que o problema econômico que as pessoas estão sentindo é culpa dos imigrantes."
A ativista também comenta os ataques à diversidade e à igualdade que voltarão com o governo de Donald Trump.
"Nós estamos enfrentando muita dificuldade com o crescimento da extrema direita, não só nos Estados Unidos, mas também no Brasil e no mundo. Porque escolheram as mulheres para serem perseguidas, uma verdadeira nova caça às bruxas. Eles têm obsessão de perseguir a comunidade trans. De proibir cuidados de saúde das mulheres trans, o acesso das mulheres trans a lugares, ao esporte, ao trabalho, isso para falar o mínimo. Então as mulheres americanas, as mulheres estadunidenses, estão muito apreensivas também."
Agência Brasil