Familiares, amigos e colegas de profissão do auditor fiscal da receita estadual João de Assis Pinto Neto, assassinado em Maceió em 2022, realizam nesta quarta-feira, 30, um ato pedindo por justiça. A ação acontece na véspera do julgamento dos acusados de matar João de Assis, que vão a júri popular na quinta-feira, 31.
O ato acontecerá das 10h às 12h, em frente à Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz), onde João de Assis trabalhava. Também haverá ação no dia do julgamento a partir das 7h, no fórum do Barro Duro, onde ocorrerá o júri popular
O crime aconteceu em agosto de 2022. Durante uma inspeção em um depósito de bebidas localizado no Tabuleiro dos Martins, Assis teria se desentendido com os réus João Marcos Gomes Araújo e Ronaldo Gomes de Araújo, que são irmãos. O estabelecimento era investigado por compra e venda de mercadoria roubada.
Em depoimento à polícia, Ronaldo confessou que matou João Assis com uma faca e que o apedrejou. O corpo do auditor foi encontrado em um canavial no Benedito Bentes. Em laudo, o Instituto Médico Legal (IML) atestou que a vítima teve 95% do corpo carbonizado após morrer por traumatismo craniano.
Além dos irmãos João Marcos e Ronaldo Gomes, donos do mercadinho onde o auditor foi assassinado, a mãe deles, Selma, também foi presa suspeita de alterar a cena do crime.
Para o presidente do Sindicato do Fisco de Alagoas (Sindifisco/AL), Irineu Torres, todos os envolvidos participaram da execução, porque "não é crível que algum deles tenha participado apenas da mutilação do cadáver".
"O grupo de criminosos formado também pela mãe e dois filhos não é, de forma alguma, uma família de empresários, mas, pelas circunstâncias do crime, tudo leva a crer, se tratar de uma quadrilha especializada no roubo e receptação de cargas, podendo também estar envolvido na morte de caminhoneiros", defende.
O que disseram os acusados
À época em que foram presos, a defesa dos irmãos alegou que o crime aconteceu após tentativa de extorsão por parte do servidor público. Entidades do Fisco Alagoano divulgaram uma nota repudiando as acusações contra Assis. "Uma mentira deslavada. Em 20 anos de atividade, jamais foi processado ou penalizado por atos que atentem contra o exercício regular de suas funções".
"A conclusão do inquérito policial presidido pela delegada Rosimeire Vieira é coerente e fundamentada em fatos conhecidos por todos", afirma Irineu. "Qualquer divergência sobre a dinâmica do homicídio deve estar fundamentada em provas técnicas periciais e nunca nos depoimentos de notórios bandidos".
Ronaldo Gomes de Araújo, Ricardo Gomes de Araújo, Vinícius Ricardo de Araújo da Silva e João Marcos de Araújo foram indiciados por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menor. Já Maria Selma Gomes Meira será julgada por ocultação de cadáver, fraude processual e corrupção de menor.