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A NOVA CARA DAS ELEIÇÕES

Eleitorado adolescente cresce 94% em Alagoas, aponta TSE

Interesse dos jovens por política faz candidatos mudarem estratégias e apostarem em memes e cortes

Eleitorado adolescente cresce 94% em Alagoas, aponta TSE. Gazeta de Alagoas
Eleitorado adolescente cresce 94% em Alagoas, aponta TSE. Gazeta de Alagoas

Os santinhos viraram memes, os jingles deram lugar às dancinhas, os comícios foram trocados pelas transmissões ao vivo e cortes. É inegável que a presença cada vez mais forte dos jovens nas eleições, em especial dos adolescentes, tem mudado as estratégias e até mesmo o rumo dos pleitos. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram a escalada desse eleitorado em Alagoas, que aumentou 94% desde a última eleição municipal.

Os números da Justiça Eleitoral apontam 51.715 eleitores com idade de 16 ou 17 anos aptos a votar neste domingo (6) em Alagoas. Esse número é maior que a população de muitos municípios alagoanos. Em 2020, quando ocorreu a última eleição municipal, eleitores adolescentes no estado eram 26.601. No caso de Maceió, a capital alagoana, o aumento é ainda mais expressivo e chega à marca de 116%, saindo de 1.925 para 4.185.

Em Arapiraca, segunda maior cidade de Alagoas e que neste ano completa 100 anos de emancipação, o eleitorado adolescente cresceu 139,6% na comparação com o último pleito municipal.

Eram 970 eleitores nessa faixa etária em 2020. Agora são 2.325. A alta aferida em Alagoas é maior que a observada em nível nacional, onde esse eleitorado cresceu 78,1%.

Além desse eleitorado ter aumentado, os números da última eleição mostram que eles estão entre os que menos faltam à votação. As estatísticas do TSE mostram que ele só é menos ausente que o público de 50 a 54 anos.

Eleitores de 17 anos tiveram o segundo menor percentual de abstenção em Alagoas na eleição de 2022, com 14,09%. Já a abstenção entre os eleitores de 16 anos foi de 14,21%, a terceira menor.

"Ações da Justiça Eleitoral, como a Semana do Jovem Eleitor e a produção de conteúdos específicos para as redes sociais, devem ter influenciado bastante esse público, que detém as informações de maneira rápida através dos seus celulares e podem contribuir, ainda mais, incentivando os eleitores mais velhos a continuarem exercendo sua cidadania", completa o desembargador.

Pesquisadora do Laboratório de Estudos de Internet e Redes Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NetLab-UFRJ), Débora Salles disse à Agência Brasil que considera o período de 2008 a 2012 — momento em que os candidatos passaram a investir massivamente na internet — como o marco inicial da utilização de memes nas campanhas políticas.

"O Obama (ex-presidente dos Estados Unidos) foi o grande ponto de virada na campanha política online. Com ele começa o uso de memes, ainda que algo restrito, mas que vai crescendo em importância social e cultural conforme o aumento do uso da internet e da penetração dos aplicativos na sociedade."

No Brasil, a introdução dos memes nos períodos eleitorais ocorreu logo depois, com as eleições gerais de 2014, quando Dilma Rousseff foi reeleita ao cargo de presidente.

"As eleições de 2014 foram talvez o primeiro momento em que vimos efetivamente os memes entrarem na cena pública, com um caráter, inclusive, oficial", destaca o professor Viktor Chagas da Universidade Federal Fluminense (UFF).

"A Dilma, na ocasião, foi vítima de muitos memes misóginos, assim como a Marina Silva", relembra.

Para Chagas, no cenário político, os memes podem ser utilizados como estratégia para persuadir diferentes grupos e chamar a atenção para uma posição ideológica.

"Eles podem contribuir para a construção de uma determinada leitura sobre um personagem da política, podendo atacar ou difamar. Nesse sentido, eles estão ali tentando convencer o eleitor de uma certa visão de mundo. Não à toa, muitas campanhas têm investido largamente na produção de memes ou no incentivo à comunidade de produtores e influenciadores digitais", destaca.

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