Stella Assange, companheira do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, pediu no Parlamento Australiano, nesta quinta-feira (27), para que jornalistas continuem pedindo informações ao governo dos Estados Unidos sobre o processo criminal contra seu marido.
Segundo ela, o acordo judicial estabelecido com o governo norte-americano proíbe Assange de requisitar essas informações. Até a manhã desta quinta-feira, Julian Assange não havia falado publicamente após sua libertação.
O fundador do WikiLeaks desembarcou na Austrália nessa quarta-feira (26), após se declarar culpado por violar a lei de espionagem norte-americana, em um acordo que o libertou, após uma batalha de quase uma década e meia na justiça.
Especialistas apontam limitações nas "comemorações" em torno da libertação do ativista australiano e veem um movimento estratégico dos Estados Unidos.
Roberto Goulart Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), considera que são três as principais razões, ligadas ao contexto das eleições nos Estados Unidos, para que o departamento de Justiça permitisse um acordo com a defesa de Assange.
O professor Eduardo Saldanha, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Paraná, também sugere que a libertação do ativista pode ser usada na retórica política de diferentes líderes, e se ligar à corrida eleitoral norte-americana.
O primeiro-ministro da Austrália defendeu por anos a libertação de Assange, que passou mais de cinco anos preso na Inglaterra e sete anos, em asilo, na embaixada do Equador, em Londres. Um longo período sem apresentar provas contundentes contra o ativista, e que gerou desgaste para diplomacia norte-americana, como explica Roberto Goulart Menezes, professor da UnB.
Há mais de uma década, o WikiLeaks divulgou milhares de documentos confidenciais sobre as guerras do Afeganistão e Iraque, inclusive com vídeos de civis sendo mortos por militares norte-americanos, o que teria justificado as acusações contra Assange, explica Eduardo Saldanha, professor da PUC do Paraná.
Segundo os dois professores, porém, as violações aos direitos humanos por parte do Exército norte-americano não foram devidamente julgadas. Eles também lembram que as autoridades dos EUA insistem para que o ex-analista da Agência de Segurança, Edward Snowden, hoje em asilo na Rússia, volte para o país para ser julgado criminalmente por ter vazado os arquivos secretos.
Fonte: Agência Brasil