Pesquisadores encontraram e monitoram 11 onças pintadas em área da Mata Atlântica na Serra do Mar, que engloba um território de mais de 6.500 quilômetros quadrados, em São Paulo, no Paraná, até o norte de Santa Catarina.
Diante desses achados, os pesquisadores reiteram a importância na manutenção da preservação do ambiente em que elas vivem. A espécie não era encontrada na região até 2018, quando pesquisadores do projeto Grandes Mamíferos da Serra do Mar registraram as primeiras imagens no Paraná, através de armadilhas fotográficas, que são câmeras colocadas de forma escondida que capturam imagens quando detectam o movimento.
A onça-pintada é considerada em perigo de extinção na região, pois a área da Mata Atlântica na Serra do Mar foi reduzida em 85%. As onças dependem de áreas extensas para sobreviver. A fragmentação da Mata Atlântica e a ação humana as deixa expostas e vulneráveis, conforme explicou o coordenador técnico do projeto, Roberto Fusco.
"Fora isso, você tem a pressão de caça, que vem junto com esse desmatamento também. Então, a pressão de caça sobre a onça-pintada, diretamente, e também sobre as presas dela. Então, como queixada, o cateto, a paca, tatu, veado, capivara, tamanduá. Então, todas essas peças são presas da onça-pintada que também são alvos de caça".
Fusco também explicou a importância da presença de onças-pintadas, um animal predador no topo da cadeia, que serve como um indicador da qualidade de todo um ecossistema.
"Então, a onça pintada, particularmente, ela é o maior felino das Américas. Ele é o predador topo de cadeia, tá lá, é o último ali. Então, a ausência dessa espécie, a ausência de grandes predadores na floresta, pode desencadear uma sucessão de efeitos em cascata, que pode atingir toda a base da biodiversidade ali, da cadeia alimentar, desde as plantas, os animais que são um alimento da onça-pintada".
O pesquisador falou o que o poder público pode fazer e sobre o trabalho de conscientização com pessoas que convivem perto dessas reservas ambientais.
"Melhorar o efetivo, melhorar com pessoas treinadas e capacitadas, fazer patrulha dentro da unidade de conservação, prover indicadores de efetividade das ações de proteção, se está sendo eficiente ou não. Em outro lado, trabalhar junto com a comunidade do entorno dessas áreas protegidas, dessas remanescentes florestais, para evitar possíveis ataques, ou mesmo, por medo, geralmente acaba matando a onça pintada, as pessoas. Então, trabalhar com essa parte de conscientização também."
Estima-se que haja no país uma população de onças inferior a 300 nos biomas da Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga. No Pantanal, a população de onças é inferior a mil e na Amazônia em cerca de 10 mil.
Fonte: Agência Brasil