Um fato inédito na história da Cinemateca Brasileira se concretizou esta semana. Pela primeira vez, a instituição recuperou, catalogou e digitalizou, através do projeto Viva Cinemateca, mais de 1.700 filmes brasileiros produzidos entre os anos 1900 e 1950. Para esta empreitada, que durou dois anos e recuperou 3.392 rolos de filmes, foram contratadas pelo menos 30 pessoas entre pesquisadores e técnicos de preservação e documentação, vindos de várias partes do país.
Das raridades que foram digitalizadas, muitas delas não são necessariamente filmes ficcionais em longa-metragem, mas sim registros históricos sociais, cinejornais, documentários, filmes domésticos e publicitários. Entre eles, um trecho de pouco mais de 4 minutos do filme "Barulho na Universidade" do cineasta Watson Macedo, realizado em 1943 e que era dado como totalmente perdido. E também do filme "Cerimônias e Festa da Igreja em Santa Maria", com imagens da inauguração, em 1909, da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, em Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Foi digitalizado também Amazônia e Rio Exposição, de 1922, que é uma compilação de imagens feitas por Silvino Santos entre 1919 e 1926 na região Norte do país e no Rio de Janeiro, quando a cidade ainda era a capital federal do país.
As imagens filmadas são originalmente de películas em nitrato de celulose, usadas nos primeiros anos da indústria cinematográfica e são materiais extremamente delicados e que podem entrar em autocombustão. Pelo menos 4 incêndios da história da cinemateca atingiram parte do acervo nos anos 1957, 1969, 1982 e o último deles, em 2016.
O Viva Cinemateca, projeto de cerca de 15 milhões de reais, é realizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura. É uma plataforma que reúne os grandes projetos da Cinemateca voltados à recuperação de importantes acervos, além da modernização de sua infraestrutura técnica. No site vivacinemateca.org.br é possível assistir, de graça, parte da cinematografia recuperada.
Fonte: Agência Brasil