A mudança na direção dos ventos e a chuva na bacia que deságua na Lagoa Mirim deixa Pelotas em alerta. Com o vento soprando para o sudeste e leste, ele empurra a água da Lagoa dos Patos contra a costa da cidade, elevando o nível. Já a Lagoa Mirim desemboca no arroio São Gonçalo, que passa por Pelotas até chegar na Lagoa dos Patos.
Com mais água, o nível do arroio deve subir, como explica o professor de Hidrologia da Universidade Federal de Pelotas, e membro do comitê de emergência, Samuel Beskow. Nesse fim de semana, o [São Gonçalo bateu recorde de 3 metros e 4 centímetros de cota.
"A Lagoa Mirim a gente sabe que está em níveis bem elevados, por conta de toda a chuva tanto na região do [rio] Uruguai, quanto nessas bacias que drenam pra [lagoa] Mirim, como o caso do rio Jaguarão".
Em Pelotas, bairros mais próximos da lagoa dos Patos estão alagados. No Laranjal, as quatro ruas a partir da praia estão com água. As casas estão fechadas e com sacos de areia no portão. No Balneário dos Prazeres, um bairro mais pobre, inclusive sem asfalto e calçadas, a água da lagoa dos Patos encobre a praia desde setembro, segundo moradores. Seu Everaldo Motta, de 66 anos, e os vizinhos colocaram pedras e sacos de areia para conter a erosão que se aproxima das casas.
"A gente pediu dinheiro emprestado e fez isso aqui".
A comunidade de pescadores da Z3 ficou quase toda debaixo d'água. O presidente do sindicato dos pescadores, Nilmar Conceição, disse que a enchente vai prejudicar a pesca.
"Vai ser muito difícil a recuperação dessa lagoa porque ela tem que escoar toda a água, ficar num nível normal, pra [só então] entrar larvas de camarão, para entrar peixes, para depois reproduzir. Já solicitamos ao governo federal o auxílio emergencial para novembro e dezembro, quando teminar o defeso ".
Segundo a Prefeitura, a enchente afeta 5 mil pessoas neste momento. Setecentas pessoas estão em abrigos.
Fonte: Agência Brasil