Ao discursar nesta quinta-feira (9), após a assinatura da ordem de serviço para obras do trecho V do Canal do Sertão, na cidade de São José da Tapera, em Alagoas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou a união entre os brasileiros para garantir o desenvolvimento do País. Como exemplo, ele citou a relação com o Poder Legislativo, onde o partido dele não tem maioria, mas o governo conseguiu aprovar as principais matérias enviadas.
Ao se dirigir ao governador de Alagoas, Paulo Dantas, Lula firmou o compromisso de que não deixará faltar recursos para o estado e refletiu sobre o custo de não fazer essas obras antes, em tom de resposta a quem critica o valor delas.
Ao falar do Canal do Sertão, que leva água potável para comunidades distantes, o presidente da República lembrou da própria infância e disse saber o que é carregar água na cabeça, mesmo sendo barrenta e suja.
Lula disse que, ao descer do helicóptero e ver o canal, a imagem que lhe veio à cabeça foi de quando tinha sete anos e saiu da cidade de Garanhuns. "Como alguém pode negar água? Como alguém pode ser tão sovina? Não nego água a quem tem sede", afirmou. Ele ainda lembrou do momento em que tentou transpor as águas do Rio São Francisco e não tinha apoio dos estados.
O presidente destacou a importância desse tipo de obra para o desenvolvimento do País e afirmou que elas não são gastos e, sim, investimentos. "O que nós temos que aprender é dizer quanto custou não fazer essa obra antes e não quando vai custar agora. Quanto custou não alfabetizar o povo antes? Quanto custou não fazer reforma agrária? Quanto custou não fazer universidade? Não tem obra mais extraordinária do que a que traz o sorriso de satisfação ao povo", refletiu Lula.
Recepcionado com chuva em São José da Tapera, o presidente lembrou da grandeza do Brasil e que estava chorando no Rio Grande do Sul, com as inundações, e rindo agora com a água no Sertão. Lula, então, disse que tudo isso mostra que as divergências não valem nada na época de cuidar do povo.
Ele agradeceu também pela quantidade de voluntários se disponibilizando para ajudar o Rio Grande do Sul. "É esse país fraterno, solidário e sem ódio que nós vamos construir até o final do meu mandato, em 2026", prometeu.
Lula aproveitou o tema da união para comentar a relação com o Poder Legislativo. O presidente lembrou que, nos governos anteriores, teve Renan Calheiros na presidência do Senado e agora tem outro alagoano, Arthur Lira, dessa vez, na presidência da Câmara dos Deputados.
"Quando eu ganhei as eleições, diziam que eu ia ter dificuldade de governar porque Arthur Lira era o presidente da Câmara. Nós construímos aliança, começamos a governar antes de tomar posse, com a aprovação da PEC da Transição, que o Lira trabalhou com o Haddad, para ter dinheiro para trabalhar em 2023", relembrou Lula.
O presidente afirmou que a aprovação das pautas de interesse do governo são uma demonstração de que diferenças ideológicas não são levadas em conta quando o que está em questão é o interesse de homens e mulheres do Brasil.
Voltando ao assunto da seca, Lula disse que ela é um problema da natureza, mas a falta de água é ausência de vergonha de quem governa. Assim, ele garantiu que a economia deve crescer e reafirmou o compromisso de, até o fim do mandato, isentar de imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil.
No momento, Lula ainda disse estar "meio puto" porque viu o pacote de 5k de arroz sendo vendido a 33 reais. "O povo pobre não pode pagar", concluiu. Com isso, ele anunciou o envio de uma Medida Provisória para importar o produto e, assim, o baratear.
Por fim, o presidente se dirigiu ao governador de Alagoas, Paulo Dantas, e disse ser grato sobre a relação que eles têm. "Quero que você saiba que não faltará ajuda nossa para o Nordeste brasileiro crescer. Eu digo sempre que devo muito a São paulo, porque foi lá que aprendi a trabalhar, construí família, mas o Nordeste ficou quase 200 anos esquecido pela elite econômica. Tudo que eu puder fazer pode ter certeza que farei, que contará com a Presidência da República", declarou.
Lula finalizou o discurso dizendo que não tem espaço no coração para ressentimento. "Gosto de todo mundo, converso, só tenho um compromisso: fazer esse país dar qualidade de vida ao povo brasileiro".
O TRECHO V DO CANAL DO SERTÃO
A ordem de serviço assinada, nesta quinta-feira (9), é no valor de R$ 565,9 milhões, para o início das obras do trecho V do Canal do Sertão alagoano, entre os km 123,4 e km 150, nos municípios de São José da Tapera, Olho D"Água das Flores e Monteirópolis.
A continuidade das obras vai beneficiar aproximadamente 240 mil habitantes de 19 cidades. São elas: Arapiraca, Belém, Campo Grande, Coité do Nóia, Craíbas, Estrela de Alagoas, Feira Grande, Girau do Ponciano, Igaci, Junqueiro, Lagoa da Canoa, Limoeiro de Anadia, Minador do Negrão, Olho d"Água Grande, Palmeira dos Índios, São Brás, São Sebastião, Taquarana e Teotônio Vilela.
Essa região faz a integração do canal com o Sistema Coletivo de Abastecimento da Bacia Leiteira, além da implantação dos Perímetros Irrigados de Olho D'Água das Flores e Monteirópolis, totalizando 3 mil hectares irrigados, proporcionando desenvolvimento e geração de renda para mais de 2.100 famílias.
Os quatro primeiros trechos do canal foram concluídos, alcançando o 123,4 km. Com a implantação dos trechos I, II, III e IV e do Projeto de Integração das Adutoras do Alto Sertão (PIAAS), que abastece 8 municípios do Alto Sertão alagoano, a obra beneficiará mais de 189 mil habitantes.