Uma jovem estudante alagoana procurou a polícia, em Maceió, para denunciar que foi vítima de assédio por um passageiro, dentro de um ônibus interestadual que fazia o percurso São Paulo/Alagoas. Em entrevista ao repórter Hélio Góes, da Rádio Pajuçara FM, a acadêmica de Medicina e a mãe, que estiveram na Central de Flagrantes na manhã desta terça-feira, 9, para o registro do boletim de ocorrência, deram detalhes do crime que teria ocorrido durante duas madrugadas da viagem.
"Quando eu voltava para Alagoas, quando estava dormindo, um homem simplesmente tocou nas minhas partes íntimas. Quando acordei, ele continuou mexendo nas minhas pernas e depois fingiu que nada tinha acontecido. Quando foi na madrugada do dia seguinte, ele fez de novo, ficou mexendo nas minhas pernas, no meu braço, ficou me segurando", disse a jovem.
"Eu colocava o lençol, colocava o travesseiro, me virava de lado, ia mais para trás, porque ele era o passageiro que estava ao meu lado, então ficou ao meu lado durante a viagem toda. Quando tentava me afastar, ele persistia. Aí gritei com ele, disse que se ele não parasse, eu iria chamar o motorista e a polícia, e que ele iria ser preso. Aí ele pediu desculpas e parou, fingindo que nada tinha acontecido", continuou.
Aos prantos, a estudante afirmou que ninguém a socorreu no momento em que pediu ajuda. "Quando eu desci em Alagoas, ele simplesmente desceu do ônibus e foi fumar. Aí minha mãe veio e me socorreu, eu falei para as pessoas do ônibus [o que tinha acontecido]. Mas na hora que gritei no ônibus, no meio da madrugada, ninguém me socorreu, ninguém me ouviu".
Ao ser perguntada sobre o comportamento do passageiro durante o dia, quando todas as outras pessoas estavam acordadas, a vítima contou que ele tinha atitude diferente e buscou ter uma relação amigável com ela.
"De dia era uma pessoa amigável, a gente conversava, ele pedia ajuda, já tinha emprestado meu carregador [do celular] para ele. A gente conversava de boa, ele não aparentava ser esse tipo de pessoa que ia fazer uma coisa dessa. Quando era de madrugada, ele fazia isso, tirando meu sossego. A pessoa cansada, querendo dormir, acontece uma coisa dessa. Uma viagem de dois dias".
"Queremos Justiça", diz mãe de vítima - A mãe da estudante destacou que, logo ao saber do assédio, procurou a polícia para registrar o boletim de ocorrência. "É muito difícil, porque a minha filha foi de avião para São Paulo, para fazer a matrícula em Medicina. Ela não tinha experiência em viagem. E a gente confiou em ela voltar de ônibus, porque tinha muita gente. E ela pediu socorro, ela gritou, mas ninguém escutou no momento", afirmou a mãe.
"Quando eu fiquei embaixo, esperando ela chegar, no ônibus, e aí ela me falou... Eu imediatamente procurei a polícia e estamos na delegacia prestando queixa. Eu quero que esse safado seja preso. Queremos Justiça! Minha filha é uma moça direita, estava lá para fazer a matrícula dela, veio esse tempo todinho cansada, dentro do ônibus, e foi assediada dentro do ônibus. Queremos Justiça", concluiu.
Após o boletim de ocorrência, a Polícia deve dar início à primeira fase de apurações para identificar o passageiro e intimá-lo a depor. O caso deve ser repassado para a delegacia responsável pela área.