Após ser acionada para prestar socorro às vítimas de um acidente de trânsito, uma equipe do Corpo de Bombeiros foi agredida por um homem que estava ferido devido ao capotamento do veículo que ocupava, por ele não aceitar ser atendido pelos militares. Um dos bombeiros disse que foi golpeado com um soco e caiu de uma ribanceira de aproximadamente três metros de altura. O caso aconteceu no Conjunto Barnabé, no município de Rio Largo, e foi parar na delegacia no início desta quarta-feira (13).
Em entrevista à Rádio Pajuçara FM, o bombeiro militar Thiago Omena explicou que o agressor estava como vítima do acidente e foi encontrado deitado próximo do carro danificado. "A gente foi acionado pela Central do Corpo de Bombeiros para a ocorrência, a nossa guarnição composta por quatro militares, e fomos informados sobre duas vítimas de capotamento na Mata do Rolo, em Rio Largo. A Central já tinha passado para a gente que uma das vítimas não queria atendimento, mas a outra estava com escoriações na face e oscilando consciência", iniciou o sargento em entrevista ao repórter Hélio Góes.
"Quando chegamos lá, nós analisamos a cinemática do trauma. Nós visualizamos o que poderia ter acontecido na ocorrência. Vimos o carro capotado, a situação de "olho de guaxinim", quando o para-brisa dá aquela ofuscada como se uma pedra tivesse batido, aí faz aquela chuvinha, como se fosse faísca. Vimos um carro bastante danificado, então a gente já imagina a vítima em estado grave. Possível batida da cabeça. Então imaginamos algo muito sensível. A guarnição então se prepara psicologicamente para colocar em prática as práticas aprendidas no Corpo de Bombeiros", continuou.
As circunstâncias do capotamento não ficaram esclarecidas, pois o homem, que estava acompanhado de uma mulher, tratou mal a equipe logo na chegada dela. "Vimos uma vítima bastante alterada. Também havia a senhora que estava com ele, que estava curtindo a noite com ele, Vimos sinais claros de embriaguez, ironia, agressividade, odor de álcool, situações que detectamos rapidamente. Mas até aí não é papel do Corpo de Bombeiros fazer qualquer tipo de julgamento se a vítima estava bebendo ou não. Nós estávamos ali para socorrer aquela vítima", destacou.
O sargento afirmou que a primeira agressão física foi contra a comandante da guarnição, que tentou avaliar a situação do ferido no chão. "A nossa comandante foi fazer as análises primárias na vítima e já foi agredida com um soco no braço. Ele estava deitado. Ele não queria o atendimento e a chamou de palavras ofensivas, palavras muito baixas", disse.
Thiago Omena informou que, ao assumir o comando da ocorrência, também foi agredido. "Eu percebi que a situação estava saindo de controle. A gente estava com suspeita de que a vítima estava com lesão grave na coluna. Então a gente precisava avaliar ela da melhor forma. Eu pedi para analisar o dorso, e aí ele se levantou e veio me dar um soco. Nós estávamos perto de uma ribanceira, de aproximadamente três metros de altura, e eu caí. Eu desci, e me levantei rápido, e a guarnição rapidamente fez a segurança de toda a equipe. A mulher que estava com ele o segurou. Aí não tinha mais controle para o Corpo de Bombeiros e acionamos nossos companheiros da Polícia Militar".
O bombeiro destacou também que foi ameaçado de morte, assim como toda a equipe. "O cidadão agressivo chegou a ameaçar a guarnição de morte. Chegou a decorar os nossos nomes nas tarjetas (da farda). Houve agressão física, agressão verbal, e desacato", enfatizou. "Nós fomos atendidos no Hospital Ib Gatto Falcão, senti dores na escápula e no antebraço, devido à queda, mas nada de grave", concluiu.
A equipe do Corpo de Bombeiros esteve na manhã desta quarta-feira na Central de Flagrantes, em Maceió, para registrar o boletim de ocorrência. Não foi informado se o agressor foi atendido por outra equipe de resgate, mas a companheira dele foi levada a um hospital de Rio Largo.
A assessoria da corporação divulgou o seguinte resumo da ocorrência: "Informações prévias com a guarnição de serviço dão conta de que a ocorrência tratou-se de capotamento envolvendo duas vítimas, sendo que uma delas foi atendida pela guarnição e encaminhada ao hospital da região, estabilizada e apresentando ferimentos na face. A outra vítima recusou atendimento e apresentou hostilidade no trato com a guarnição, sendo necessário o apoio da Polícia Militar".
A reportagem não conseguiu contato com a vítima do acidente e deixa o espaço aberto para a defesa, caso ela tenha a intenção de se manifestar sobre a denúncia do bombeiros.