Deputados estaduais de São Paulo, alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estão formando um bloco para tomar posições e decisões em conjunto e de forma "independente" ao governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O grupo, composto por parlamentares do PL, atualmente conta com cinco deputados – Gil Diniz, Lucas Bove, Major Mecca, Tenente Coimbra e Paulo Mansur – mas a expectativa é que o número chegue a dez. "É um grupo que já existia informalmente, de deputados que tem alinhamento ideológico com Bolsonaro. E a gente resolveu formalizar. Não vai ter registro, é um bloco informal, mas já são 5 deputados – e a expectativa é que chegue a oito, dez", explica Bove. Segundo o deputado, a ideia é que o grupo seja similar a uma bancada: fazendo reuniões e definindo os posicionamentos de forma conjunta – e, as vezes, de forma contrária ao proposto por Tarcísio, mesmo fazendo parte da base aliada do governador. "Via de regra, a gente concorda com as pautas do governador, então nós vamos obviamente votar junto praticamente sempre. A diferença se dá em questões mais ideológicas, algumas atitudes do governador com as quais a gente não concorda e eventualmente alguns projetos de lei", afirma Bove, citando a possibilidade de Tarcísio enviar um projeto de lei à Casa que aumenta o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).
Nesta semana, seis estados – São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul – assinaram uma carta dizendo ser necessário o aumento do ICMS para garantir maior receita na distribuição do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). O texto foi assinado pelos secretários da Fazenda e alega que as alterações na alíquota são necessárias após a aprovação do texto reforma tributária no Senado Federal. "Nós defendemos a redução de impostos e taxas. O aumento o que nós não prometemos em campanha", destaca Gil Diniz. Ele afirma que a questão já foi levada ao presidente da Alesp, André do Prado (PL), e que esse não é o momento para a discussão de aumento de tributos. "Cogitar projeto como esse agora com certeza vai contaminar discussões que estão rolando, como a privatização da Sabesp. Então a gente vem alertando que é melhor não enviar um projeto como esse, nem agora, nem nunca. Mas se for sssa a intenção do governo, que não seja agora, que têm discussões sensíveis na Alesp. Já manifestamos ao pres da Alesp a contrariedade de qualquer tipo de aumento", disse. "Fomos enfáticos de que o PL de aumento de imposto não terá nossos votos", completa Bove.
A insatisfação de alguns deputados estaduais com Tarcísio de Freitas não é um tema novo na Alesp. Desde o começo do ano, a base aliada do governador critica alguns posicionamentos tidos como "pouco ideológicos" por parte do chefe do Executivo paulista – como a sanção à lei de acesso à cannabis medicinal no SUS (Sistema Público de Saúde) do Estado, por exemplo. A aparição ao lado de figuras importantes do governo federal, como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também não agradam. Nos bastidores, parlamentares falam em pouca capacidade de articulação. Tarcisio é visto como alguém com perfil muito técnico e baixo traquejo político, e que costuma não aceitar trocas de cargos e favores em prol de suas pautas.
Fonte: Jovem Pan