Em uma carta aberta publicada pelo perfil no Instagram do Centro de Defesa dos Direitos da Mulher, o grupo decide romper o silêncio em torno da violência e do machismo que permeiam as searas de poder. O pronunciamento veio após o caso envolvendo a jovem noiva do irmão do prefeito de Maceió, Dr. JAC.
Veja trechos da carta:
Questionamentos pairam sobre a veracidade dos acontecimentos. Por que a vítima não registrou a violência no Boletim de Ocorrência? Por que, posteriormente, ela desmentiu a situação? Essas perguntas demandam uma abordagem cuidadosa, longe de julgamentos precipitados, mas guiada pela empatia.
O machismo, estrutural e simbólico, é uma realidade que persiste, inclusive entre muitos homens públicos que, muitas vezes, exercem violência em seus relacionamentos sem que isso venha a público. O silêncio que envolve essas questões é ensurdecedor, e a vítima, muitas vezes, faz parte da maioria de mulheres que optam por não denunciar, seja por medo, dependência ou pressões sociais.
Repudiamos veementemente a maneira como os órgãos de proteção lidaram com a vítima, mesmo que ela tenha negado ser vítima, sofrendo em silêncio. Antes de julgar, é imperativo praticar a empatia.
O caso em questão, evidenciando a violência na classe média, ressalta que a denúncia pode resultar na inelegibilidade de um político e na perda da eleição de seu irmão. A sociedade, muitas vezes, minimiza a seriedade de uma "briguinha de casal", ignorando as consequências avassaladoras para a vítima.
A carta aberta também destaca a falta de atenção às mulheres que conseguem escapar da violência. Nem sempre é permitido o direito de denunciar, pois a prioridade é alcançar a paz. Pouco se fala sobre a jornada dessas mulheres até o fim do ciclo de violência.
Diante dessa realidade, manifestamos solidariedade a Isadora, cujo nome transcende a simples designação de noiva do irmão do prefeito. Queremos assegurar a ela e a todas as mulheres que enfrentam o silenciamento que estamos aqui lutando por justiça, dignidade e pelo fim do ciclo de violência. A superação é possível, e enquanto esse processo ocorre, estamos unidas em defesa de todas as que foram silenciadas.