O governo federal ainda não conseguiu chegar a uma consenso em relação à meta fiscal de 2024. O vice-presidente Geraldo Alckmin declarou nesta segunda-feira, 6, que a questão ainda está sendo discutida pela equipe e que não tem prazo para ser definida. "Se vai fazer ano que vem, se vai demorar mais seis meses, se é 0,25% [do PIB], é 0,5% [do PIB], ainda é uma questão a ser discutida, mas o esforço todo será na linha de zerar o déficit fiscal e depois ter superávits fiscais sucessivos", afirmou declarou. A declaração ocorre horas depois do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reafirmar que o governo pretende perseguir a meta de zerar o déficit fiscal nas contas públicas até 2024.
Especialistas especulam que a gestão petista possa alterar projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), prevendo um déficit entre 0,25% e 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Apesar disso, Alckmin reforçou que governo está comprometido com a responsabilidade fiscal. "O governo tem compromisso com o arcabouço fiscal. O que o presidente Lula colocou é que, num momento de cenário mundial de menor crescimento, mais preocupante, você precisa ter uma preocupação com os brasileiros, com os trabalhadores, com aqueles que precisam mais. Então, essa é a preocupação. Num momento de cenário mundial mais complexo, você ter essa preocupação com a rede de proteção social e para com o trabalhador brasileiro", complementou.
Mais cedo no mesmo dia, Fernando Haddad afirmou que o resultado fiscal "não depende do desejo do presidente da República" ou da equipe econômica, mas disse que se trata de "um trabalho de parceria". "Eu não falo isso para provocar ninguém. Eu falo isso porque resultado fiscal não é da cabeça do ministro da Fazenda nem do desejo do presidente da República. Resultado fiscal é um trabalho de parceria", declarou o ministro, defendendo também harmonia entre os Poderes. No entanto, Haddad ratificou que a meta está mantida.
A capacidade do governo de cumprir a meta fiscal de déficit zero em 2024 foi colocada em xeque na última semana semana, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmar que "dificilmente" a gestão conseguiria fechar as contas públicas no zero a zero. O objetivo já era visto como ambicioso e otimista por diversos analistas, mas a fala do mandatário fez com que se gerassem dúvidas sobre a capacidade da equipe econômica de cumprir seus acordos e ter responsabilidade fiscal, além de gerar um desconforto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Mais do que isso, o Congresso Nacional viu na fala de Lula a senha para discutir a mudança da meta. Após as falas do presidente e aparentes desencontros das agendas de governo, a expectativa do mercado piorou em relação ao desempenho do governo.
Fonte: Jovem Pan