O empresário Daniel Noboa se tornou neste domingo, 15, o mais jovem presidente do Equador. Aos 35 anos, ele derrotou a candidata de esquerda Luisa González, com 52% dos votos. “Começamos a trabalhar por esse novo Equador amanhã, para reconstruir um país que foi gravemente afetado pela violência, corrupção e ódio”, disse o Noboa de sua residência em Olón (sudoeste), onde recebeu a imprensa. Uma surpresa política, já que as pesquisas o colocavam em último lugar, e quase um desconhecido no ramo, ele realizou o sonho frustrado de seu pai milionário de chegar ao poder. Muito ativo nas redes sociais, de semblante frio e poucas palavras, ele quebrou a sequência de derrotas de seu pai, que tentou a presidência em cinco ocasiões sem sucesso, e deu um novo golpe no ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), antigo inimigo de seu pai, Álvaro Noboa, e que pretendia voltar ao poder na figura de sua herdeira política González.
Com formação em prestigiadas universidades estrangeiras, o novo presidente se define como de centro-esquerda, embora seja apoiado por forças de direita. Ele é sommelier, tem conhecimentos musicais, tentou ser vegetariano, coleciona pimentas e é apaixonado por carros e cavalos, de acordo com sua equipe de imprensa. Herdeiro de um capital político, Noboa não demonstra o mesmo histrionismo de seu pai, que se ajoelhava com uma Bíblia na mão pedindo votos dos equatorianos. Com uma figura atlética e jovial, se afastou do espetáculo no palco e, com um colete à prova de balas, concentrou-se nas novas gerações. Poucos dias antes do segundo turno, tornou-se tendência com bonecos de papelão em tamanho real com sua imagem.
Noboa aprendeu participando dos bastidores das campanhas eleitorais de seu pai, que em 2006 mediu forças nas urnas com o então pouco conhecido Correa. Naquela ocasião, o socialista obteve 57% dos votos válidos e permaneceu no poder por uma década. Sua única aparição política foi como deputado no Congresso que o presidente Guillermo Lasso dissolveu em maio para dar lugar a eleições antecipadas. Na época, ele liderou a Comissão de Desenvolvimento Econômico. Durante o período de dois anos como deputado, Noboa foi questionado por um suposto conflito de interesses ao financiar do próprio bolso a viagem de sete deputados à Rússia, um dos principais destinos das bananas produzidas pela empresa familiar. A viagem ocorreu após a invasão russa da Ucrânia, rejeitada por Quito, o que intensificou as críticas. Seus inimigos também o acusam de evasão fiscal.
O empresário foi o primeiro a registrar sua candidatura para as eleições no Equador em nome da aliança Ação Democrática Nacional (ADN). O presidente eleito afirma que o Equador está vivendo “uma guerra”. “Precisamos ser firmes se quisermos salvar este país dessa insegurança”, argumenta. Sua proposta mais comentada é a de criar navios-prisões para isolar os presos de suas redes criminosas, mas também pretende criar incentivos fiscais e créditos baratos para pequenos empresários, realizar uma consulta popular para implantar um sistema de juri para casos de corrupção, que, ao lado do narcotráfico, é um dos principais problemas do país e propõe a militarização das fronteiras e enviar os presos mais violentos para navios prisionais.
Noboa irá governar até completar o mandato que era de Lasso, embora não descarte buscar a reeleição em 2025. O novo presidente estudou Administração de Negócios na Universidade de Nova York e obteve um mestrado em Administração Pública na Harvard Kennedy School. Ele também possui um mestrado em Governança e Comunicação Política na Universidade George Washington. Ele é casado com Lavinia Valbonesi, uma influenciadora em questões de nutrição, com quem tem um filho e espera outro. De seu primeiro casamento, tem uma filha. Aos 18 anos, ele criou sua primeira empresa dedicada à produção de eventos. Mais tarde, se juntou à Corporação Noboa, a grande empresa da família, como diretor das áreas marítima e comercial.
*Com informações da AFP
Jovem Pan