A poucos dias da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a Associação Brasileira de Bancos (ABBC) avalia que o órgão tem condições para iniciar um processo flexibilização da taxa de juros e cortá-la em 0,50 ponto percentual. O mercado financeiro estima que no próximo encontro do comitê, que será realizado entre 1 e 2 de agosto, haja algum corte na Selic, embora alguns estimem que a queda possa ser de 0,25. A avaliação da ABBC considera que a decisão estaria alinhada ao balanço de riscos favorável, ao consistente processo de desinflação e à queda das expectativas, e ajudaria a reduzir o grau de aperto monetário.
Para Everton Gonçalves, superintendente da área, uma série de fatores tem beneficiado a dinâmica dos preços, como o arrefecimento das pressões inflacionárias internas e nas principais economias e a redução das incertezas no âmbito fiscal, com a tramitação favorável do novo arcabouço no Congresso e as aprovações da Reforma Tributária e do voto de desempate do governo nas decisões do Carf na Câmara dos Deputados. "A decisão do CMN em manter a meta de inflação para os próximos anos em 3,0% ajudou a impulsionar o processo de reancoragem das expectativas", afirma. "A percepção de um cenário fiscal mais benigno foi compartilhada pela recente elevação da classificação do risco soberano pela agência Fitch", completou Gonçalves. Por fim, de acordo com Gonçalves, o quadro favorável é ratificado também na avaliação dos fatores de baixa da inflação, como a apreciação do real, a deflação dos preços das commodities em reais e o arrefecimento da demanda interna.
Em junho, o Copom manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva. Este é o período mais longo no qual ela esteve estacionada desde junho de 2019, quando a Selic foi mantida em 6,50% por 10 reuniões, ou quase um ano. Especialistas do mercado já esperavam que a taxa fosse mantida. Contudo, o comunicado trouxe uma mudança importante no tom adotado pelos membros, que foi mais moderado na avaliação dos analistas. No texto da ata, que detalha mais profundamente a visão do comitê, o grupo indicou a possibilidade de uma baixa dos juros em breve. Contudo, isso depende de como a inflação irá se comportar até agosto, quando será realizada a próxima reunião.
Um indicador positivo é a elevação da nota de crédito do Brasil de "BB-" para "BB", com "perspectiva estável", pela agência norte-americana de classificação de risco Fitch Ratings. A atualização reflete a "performance macroeconômica e fiscal melhor do que o esperado", afirmou a agência em comunicado, que também cita a consolidação de reformas e boas expectativas com a condução de políticas econômicas pelo novo governo. "Apesar de tensões políticas persistentes desde a redução da nota em 2018, o Brasil progrediu em importantes reformas rumo a desafios econômicos e fiscais", afirma a nota.
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