O Brasil registrou uma média de 208 golpespor hora ao longo de 2022. O dado faz parte do 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado nesta quinta-feira, 20. O anuário aponta para um grande crescimento no número de registros de estelionato, que chegaram a 1.819.409 casos em 2022 – com média de 3,5 casos por minuto -, aumento de 326,3% em relação a 2018. Na época, foram registrados 426,799 casos. São Paulo concentra mais de um terço das ocorrências de estelionato, com 638 mil casos. Segundo o levantamento, entre as principais práticas que impulsionaram os números, está o chamado "Golpe do Pix". Para comentar os dados do anuário, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o jurista e ex-deputado estadual, Fernando Capez, que associou a disparada dos crimes digitais à pandemia: “A pandemia alterou os costumes dos delinquentes na prática de crimes”.
“Dispararam os crimes eletrônicos e golpes pela internet, porque eles têm uma pena muito menor do que roubo e assalto com arma”, afirmou. O jurista também analisou o aumento da violência doméstica e dos estupros no país: “Com as pessoas ficando mais em casa e o aumento da tensão, dispararam os casos de violência doméstica, fazendo vítimas em principal as de menor condição financeira e vulnerabilidade social. E dentro desse quadro terrível aumentou o número de estupros (…) Vamos lembrar que o estupro não é apenas a conjunção carnal, a relação sexual. Qualquer ato libidinoso, muitas vezes a felação, que é o sexo oral, e outros atos libidinosos caracterizam estupro”. De acordo com o anuário, o Brasil registrou o maior número de estupros da história em 2022, com 74.930 vítimas. O número corresponde a 205 casos de estupro por dia e a aproximadamente 8 casos por hora.
O anuário também revelou a disparidade dos Estados do Norte e Nordeste em relação ao dado de mortes violentas. Segundo os dados divulgados nesta quinta, seis Estados de cada uma das duas regiões somam os 12 mais violentos do Brasil. O Amapá tem a maior taxa de assassinatos por 100 mil habitantes (50,6), seguido por Bahia, Amazonas, Alagoas, Pernambuco, Pará, Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Rondônia, Roraima e Tocantins. A respeito desta estatística, Capez apontou para as diferenças sociais entre as regiões brasileiras: “Infelizmente, em alguns estados da região Norte e da região Nordeste há uma menor estrutura social, maior condição de vulnerabilidade e isso propicia o aumento do crime de homicídio. Isso explica essa disparidade. Ao mesmo tempo, ocorre violência policial. Hoje, em São Paulo, você tem as câmeras colocadas nas fardas, que inibem esse tipo de ação. Tudo isso contribui para a redução do número de violência. São Paulo tem outros tipos de crimes que preocupam”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
Fonte: Jovem Pan