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Alta exponencial de casos da nova variante está só no começo, diz imunologista

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Ester Sabino afirma que, com transmissão fora de controle, Brasil vai demorar para voltar a uma vida normal, o que reflete a forma como país decidiu enfrentar a pandemia Os números de casos de contaminação e mortes por covid-19 no Brasil dispararam nas últimas semanas, mas esse processo está apenas no início, diante do potencial de transmissão da nova variante brasileira do coronavírus, a chamada P1, segundo a pesquisadora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

“Infelizmente, estamos bem no começo do crescimento exponencial de casos da nova variante do coronavírus que começou em Manaus”, disse Ester na Live do Valor desta quinta-feira.

Ela conta que, na capital do Amazonas, a nova linhagem apareceu provavelmente em novembro e em dezembro já respondia por 40% dos casos de contaminação. Em janeiro, já era praticamente 100%.

Durante todo o tempo pelo qual o vírus se disseminou em Manaus, as pessoas continuaram circulando. Mais de 120 mil pessoas viajaram para a cidade nesse período, observa a pesquisadora. “Com isso, essa variante está em vários pontos do país. E o que estamos vendo é um crescimento similar ao que ocorreu em dezembro em Manaus. Nós ainda vamos chegar a um pico, aparentemente.”

A pesquisadora ainda observa que o número de mortes costuma refletir a contaminação ocorrida 15 dias antes. Esse número, que ontem ficou acima de 2,3 mil no dia, deve continuar aumentando, diz. “O vírus continuou se espalhando de forma exponencial. Não faço projeções, mas tudo indica que esse número vai aumentar.”

Ela diz que ainda não se sabe por que a variante surgiu em Manaus. Foi uma cidade que teve uma grande epidemia e continuou com níveis altos de transmissão. Quando há uma variante que se torna mais transmissível, ela toma conta da pandemia e as aglomerações facilitam a transmissão dessa nova linhagem.

“Poderia ter acontecido em qualquer outro lugar do Brasil”, diz. É possível que novas variantes preocupantes surjam em outros locais do mundo, como ocorreu aqui, no Reino Unido e na África do Sul. Quanto mais se diminui a transmissão, mais diminui o risco de novas variantes perigosas.

A respeito da capacidade de a nova variante infectar pessoas que já tinham sido contaminadas, Ester Sabino diz que a própria disseminação do vírus em Manaus indica que a variante tem capacidade de provocar uma reinfecção.

Sobre se as vacinas são eficazes contra a variante, a pesquisadora diz que há vários grupos de estudo no Brasil e no mundo averiguando esse ponto. “É possível que as empresas já estejam fazendo vacinas adaptadas às novas variantes.”

A pesquisadora não é muito otimista sobre a possibilidade de a vida voltar ao “normal” no país, após a vacina. No Brasil, com pandemia fora de controle, zerar a transmissão do vírus é algo distante. “Vai demorar para voltar a uma vida normal e isso reflete a forma como o país decidiu enfrentar a pandemia. Vai demorar para tirarmos máscara e nos sentirmos seguros”, afirma.

A cientista ainda observa que as vacinas foram desenvolvidas para diminuir os casos graves e moderados de covid-19, mas é preciso parar a transmissão do coronavírus. No futuro, vacinas podem ser desenvolvidas nesse sentido, mas até lá, medidas de controle continuarão tendo que ser tomadas.

Reprodução

A entrevista pode ser assistida na íntegra pelo site e pelas páginas do Valor no YouTube, no LinkedIn e no Facebook.

Fonte: Valor Invest

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