O delegado Igor Diego confirmou, em vídeo enviado à imprensa, na manhã desta segunda-feira, 26, que vai ouvir todos os policiais militares que participaram da abordagem que resultou na morte de Antônio Gouveia de Assis Junior, de 32 anos, em Rio Largo, na última sexta-feira. A Polícia Civil já instaurou inquérito para investigar se a agente agiu em legítima defesa e se tinha conhecimento sobre a condição psiquiátrica da vítima.
Nas imagens compartilhadas com a redação do TNH1, Igor Diego afirmou que uma apuração preliminar foi realizada no mesmo dia do fato, e que a policial militar que atirou em Junior, e o irmão da vítima, foram direcionados para a delegacia, onde prestaram depoimento. O delegado explicou que outros PMs vão ser ouvidos em breve, assim como mais familiares do homem.
"Foi verificado que uma pessoa do sexo masculino que estava com transtornos psiquiátricos teria avançado para cima da policial militar com uma pedra. Diante da situação, a policial reagiu com um disparo de arma de fogo. Importante dizer que vamos avaliar se a policial militar usou dos meios que tinha naquele momento como necessário, e se usou de maneira moderada para repelir a injusta agressão que estava sofrendo por parte do indivíduo", destacou o delegado. Assista abaixo:
De acordo com Igor Diego, ainda não ficou esclarecido se a equipe de militares foi informada, antes da abordagem, sobre Junior ser paciente psiquiátrico. "Toda a documentação foi enviada para a Delegacia de Homicídios de Rio Largo, onde instauramos nesta manhã para averiguar todos esses fatos. Será fundamental verificar se os policiais militares da ocorrência tinham ou não conhecimento de que a vítima sofria de transtornos psiquiátricos, uma vez que, se eles não tinham conhecimento do fato, não tinham como se comportar de maneira diferente diante da agressão sofrido", explicou.
"Todas as pessoas que participaram da ocorrência vão ser ouvidas, assim como os familiares da vítima, para que no final , a gente verifique se o fato foi praticado em legítima defesa ou se vai ter responsabilização criminal para a pessoa que disparou com arma de fogo", finalizou.
O caso - A Polícia Civil de Alagoas vai investigar as circunstâncias da morte de Antônio Gouveia de Assis Junior, de 32 anos, ocorrida após abordagem policial na noite de sexta-feira (23), no Cruzeiro do Sul, na cidade de Rio Largo. Ele foi atingido por um disparo de arma de fogo deflagrado por uma policial militar.
Testemunhas contaram que a Polícia Militar chegou ao local depois de ouvir gritos. Junior, que sofria com transtornos psiquiátricos, estava atirando pedras em direção a veículos e estabelecimentos. Ainda segundo relato, quando os militares se aproximaram, Junior se virou contra a equipe da PM. O rapaz foi baleado e levado pelos militares até a UPA do Tabuleiro, onde morreu. O caso revoltou moradores da região e o rapaz era conhecido por estar sempre perto da sandubaria do irmão.
Em nota, a Polícia Militar de Alagoas informou que a PM atirou para se defender da agressão. Leia abaixo:
A Polícia Militar de Alagoas vem a público esclarecer os fatos ocorridos durante a noite da última sexta-feira (23), no bairro Cruzeiro do Sul, em Rio Largo, envolvendo uma guarnição do 8° Batalhão de Polícia Militar. Na ocorrência, houve a necessidade do emprego da força por uma militar integrante da equipe.
A guarnição estava no momento de intervalo para alimentação e jantava em um estabelecimento da região, quando percebeu a movimentação, ruídos e gritos de populares. Tratava-se de um indivíduo que, além de visivelmente transtornado, estava depredando um veículo estacionado nas proximidades.
Prontamente, e com apoio de outras guarnições que chegavam ao local, a equipe interrompeu a refeição e verificou que se tratava de um indivíduo apontado como paciente psiquiátrico em possível surto.
No momento em que os militares se aproximaram, o indivíduo percebeu a presença policial, tomou uma pedra de grande volume e partiu na direção de dois PMs – um deles conseguiu se esquivar. Mesmo alertado e recebendo voz de parada, o autor partiu em direção à policial feminina, que, no cumprimento do dever legal de cessar a ameaça, efetuou disparos no intuito de responder a agressão.
Após ser atingido, o indivíduo foi socorrido pela guarnição e encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Tabuleiro do Martins, em Maceió, mas entrou em óbito.
A Corporação lamenta profundamente o ocorrido e afirma que um procedimento administrativo irá apurar minuciosamente as circunstâncias do caso, ratificando o direito a ampla defesa e ao contraditório dos envolvidos.
De imediato, diante do trauma, a militar foi atendida por um médico especializado na própria UPA, mas já foi encaminhada para o Centro de Assistência Social da PM – onde passará por acompanhamento de Prevenção do Transtorno de Estresse Pós-Traumático.