O conflito entre Rússia e Ucrânia, que completou um ano no final de fevereiro, aumentou em 93% a importação de armas na Europa em 2022, tudo devido ao fornecimento em massa para o exército de Volodymyr Zelensky, que se tornou o terceiro destino mundial de armamento, e o aumento dos gastos militares em vários países europeus, como Polônia e Noruega. Os dados são do relatório do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (SIPRI) divulgado nesta segunda-feira, 13. “A invasão realmente provocou um aumento significativo na demanda de armas na Europa, que ainda não mostrou todo o seu potencial e levará, provavelmente, a novas altas nas importações”, disse Pieter Wezeman, coautor do relatório anual elaborado há mais de três décadas. Além da Ucrânia, o aumento das importações europeias chegou a 35% em 2022, ainda conforme dados do SIPRI. Até então um pequeno importador, a Ucrânia se tornou o terceiro maior destino mundial de armas no ano passado, atrás de Catar e Índia, como resultado da ajuda ocidental para combater a invasão russa. A ex-república soviética concentra 31% das importações de armas da Europa, e 8%, do mundo, segundo dados transmitidos pelo SIPRI à AFP. As importações de Kiev, incluindo doações ocidentais, multiplicaram-se por mais de 60 em 2022, acrescenta o instituto.
Apesar do número ser alto, o aumento das importações europeias era previsível, após o início da invasão da Ucrânia, mas acelera uma tendência já registrada há vários anos, na esteira da anexação da península ucraniana da Crimeia por parte de Moscou em 2014. “Os países europeus ou já fizeram seus pedidos, ou planejam fazê-lo para todo o tipo de armamento. Submarinos, aviões de combate, drones, mísseis antitanque, fuzis e radares”, enumera Wezeman. “Tudo é analisado, porque a ideia é reforçar as capacidades militares em todo o espectro” da tecnologia militar, acrescenta. A União Europeia está finalizando um plano para entregar milhões de projéteis para a Ucrânia e também trabalha para aumentar a produção no continente. Nos últimos cinco anos (2018-2022), período determinado pelo SIPRI para estabelecer as tendências, as importações europeias aumentaram 47% na comparação com os cinco anos anteriores. Já em nível mundial, os números caíram 5%.
Diferentemente da Europa, os demais continentes e regiões registraram uma queda em suas importações em cinco anos, com uma redução significativa na África (-40%), na América do Norte e do Sul (-20%), até na Ásia (-7%) e no Oriente Médio (-9%), mercados mundiais líderes. Outro dado significativo: o Oriente Médio se tornou a primeira região de destino das exportações de armas em 2022, respondendo por 32% do total mundial. Superou a região Ásia-Oceania (30%), há anos em primeiro lugar, e a Europa (27%). A China se arma massivamente, mas produz cada vez mais localmente, o que reduz as exportações para a Ásia, segundo o SIPRI. Do lado dos exportadores, os cinco principais países continuam sendo Estados Unidos (40%), Rússia (16%), França (11%), China (5%) e Alemanha (4%). No nível dos importadores, Catar (10% do total), Índia (9%) e Ucrânia (8%) aparecem seguidos por Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos (7% cada) e Paquistão (5%).
*Com informações da AFP
Fonte: Jovem Pan