O requerimento de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as inconsistências contábeis das Lojas Americanas e também seus acionistas superou o mínimo de 171 assinaturas necessárias para sua instalação. Para falar sobre a possível formação do colegiado, que tem sido chamado de CPI das Americanas, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o líder do Progressistas na Câmara, deputado federal André Fufuca (PP-MA). Para ele, a CPI é um órgão importante para apurar as irregularidades da gigante do varejo e prevenir que casos como este não se repitam: “É importante que tenhamos ciência se essa fraude ou desvio, que só saberemos se foi fraude ou não a partir da CPI, existe apenas em uma empresa (…) Isso tudo nós só saberemos com os instrumentos legais que a CPI pode dar para o esclarecimento desse ato. É importantíssimo não apenas para julgar o passado, mas também para ações futuras, porque ninguém investe naquilo que não tenha confiança e muito menos transparência”.
“Desde o começo deste ano, a gente tem falado muito no que diz respeito à preservação de instituições. Preservação das instituições democráticas, do Legislativo, do Judiciário e do Executivo. Eu tenho, no meu entendimento, que o mercado acionário brasileiro também é uma instituição do capitalismo nacional. Uma instituição que merece credibilidade, transparência e, acima de tudo, confiança de quem investe nela. Não é correto que nós tenhamos uma empresa que se dizia consolidada, que centenas de milhares de pessoas investiram nela, hoje estamos falando de mais de 130 mil CPFs que estão fazendo parte hoje da base de ações da empresa, uma empresa que metade dos seus papéis são designados a pequenos acionistas e, da noite para o dia, apresente um desarranjo contábil da ordem de R$ 20 bilhões. Hoje, nós sabemos que só os débitos já chegam à casa de quase R$ 50 bilhões”, argumentou.
Para o deputado maranhense é importante destacar que o rombo das Americanas tem afetado diretamente milhares de pessoas e que responsabilizar os culpados é fundamental: “Só para se ter uma noção, estamos falando hoje de 5.869, entre pequenos e microempresários que correm o risco de quebrar. Simplesmente não foi pago o fornecimento que foi feito por eles e eles se encontram hoje com uma mão na frente e outra atrás. Estamos falando hoje de mais de 15 mil credores na rua. Nós temos que ter essa ótica de que o caso Americanas é muito mais abrangente, porque ele afeta do pequeno ao grande. É importante que tenhamos essa sensibilidade na condução, principalmente, desses que mais precisam para que não aconteça o que aconteceu no passado, em que casos como esse serão esquecidos e os menores sejam ainda mais prejudicados”. O parlamentar ainda revelou questionamentos que pretende fazer caso a CPI seja aberta.
“Há vários questionamentos que tem que ser feitos. Um exemplo, de agosto a outubro de 2022, diretores da empresa Americanas venderam ações e lucraram mais de quase R$ 300 milhões. Houve informação privilegiada ou não houve? Isso a CPI irá responder (…) Aqueles que foram diagnosticados como os reais causadores do problema, com certeza a CPI ira adotar os critérios legais e aquilo o qual o poder de CPI lhe confere”, declarou. Fufuca também se mostrou positivo com a expectativa de abertura da CPI pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP): “Eram 171 assinaturas e já temos no dia de hoje 209, se não me falha a memória (…) Não posso dizer quando será instalada, até porque não compete a mim, compete à mesa diretora da Câmara Federal. Acredito que, logo que dermos entrada, pelo fato de não haver outras CPIs na frente, nós teremos celeridade na condução dessa comissão”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.
Fonte: Jovem Pan