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AULA DE CAMPO

Pesquisa sobre socioeducandos de Alagoas é aceita para congresso em Paris

O estudo investigou como as rodas de rap funcionam como meio para expressão de jovens negros em situação de violência e vulnerabilidade


Adolescentes e jovens adultos que cumprem medidas socioeducativas em Alagoas participaram de uma pesquisa que foi aceita para apresentação no 12º Congresso Ruespy, na Université Paris 8, na França. O projeto foi desenvolvido pela pesquisadora Jéssica Michelle dos Santos Silva, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em parceria com a Secretaria de Estado de Prevenção à Violência (Seprev), por meio da equipe pedagógica da Superintendência de Medidas Socioeducativas (Sumese).

Com o tema "Rodas de rap com jovens da socioeducação no Quilombo dos Palmares: afetações clínico-políticas e formativas da racialização", a pesquisa de pós-graduação em psicanálise buscou investigar de que modo essa manifestação cultural periférica pode funcionar como meio para expressão do sofrimento sociopolítico de jovens negros que vivem em situação de violência e vulnerabilidade. A proposta também ofereceu a possibilidade de evocar a história social do local e de seus protagonistas para as gerações atuais.

"No período escravocrata, os quilombos foram fonte de organização sociopolítica, de sobrevivência e de liberdade. O rap, por sua vez, carrega um tanto do esforço civilizatório de jovens negros da periferia, que criam música a partir de suas dores, buscando fazer das narrativas musicais, pautadas por suas experiências de vida, uma arma capaz de intervir no jogo da segregação e do racismo estrutural que vivemos no Brasil", explica a pesquisadora.

O programa incluiu uma aula de campo no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que fica localizado na Serra da Barriga, no município de União dos Palmares, onde os jovens tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre a história de Alagoas, sua cultura e o seu povo.

"Considerando a potente figura de Zumbi dos Palmares, o qual circundava as letras cantadas pelos jovens nas rodas de rap, apostamos nas afetações possíveis deste segundo momento, quando levamos os jovens até o Memorial. Dessa forma, pudemos investigar os efeitos clínico-políticos de um dispositivo de escuta, que é a roda de rap, no espaço do Quilombo dos Palmares, junto aos adolescentes e jovens do sistema socioeducativo de Alagoas", afirmou Jéssica Michelle.

Para o secretário de Prevenção à Violência, Kelmann Vieira, a ação pedagógica é fruto de uma profunda transformação do Sistema Socioeducativo. Ele ressalta que as melhorias estruturais e metodológicas têm contribuído comprovadamente para a prevenção à reincidência infracional de adolescentes em conflito com a lei e fizeram do Estado referência para todo o Brasil.

"O Sistema Socioeducativo de Alagoas se destaca nacionalmente como um modelo a ser seguido. Hoje, oferecemos atendimento integral aos nossos adolescentes e um olhar voltado para a ressocialização, seja com a educação, com a profissionalização, o esporte, e com toda estrutura muito bem organizada. Com total apoio do governador Paulo Dantas, estamos avançando e inovando diariamente rumo a um atendimento socioeducativo de excelência", enfatizou.

12º CONGRESSO RUESPY

O 12º Congresso Ruespy é destinado a estudantes, professores-pesquisadores e profissionais das áreas de psicanálise, psicologia, educação, saúde mental e ação social e incluirá debates interdisciplinares sobre práticas e propostas educativas, experiências clínicas e sociais, além de pesquisas acadêmicas e outras atividades envolvendo a psicanálise numa conversação com a cidade.

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