O otimismo de encontrar sobreviventes do terremoto na Turquia e na Síria diminui após 72 horas, principalmente por causa das temperaturas gélidas que atingem as regiões. As equipes de emergência seguem trabalhando, e mais ajuda da comunidade internacional chega para ajudar nas buscas pelos desaparecidos. De acordo com o último balanço, mais de 17.500 pessoas morreram – 14.351 na Turquia e 3.162 na Síria. Os números, que não param de crescer, podem ser ainda maiores, principalmente porque na hora em que os tremores aconteceram na segunda-feira, 6, as pessoas estavam em suas casas dormindo, pois era de madrugada. As Nações Unidas (ONU) costuma interromper os esforços de busca e resgate entre cinco e sete dias após uma catástrofe, contudo, essa decisão só é tomada após um ou dois dias sem nenhum sobrevivente ser resgatado. Segundo IIan Kelman, professor de desastres e saúde da University College London, mais de 90% dos sobreviventes de terremotos são resgatados nos primeiros três dias, contudo, esse número pode variar de acordo com o clima local.
A questão da ajuda é delicada na Síria, país afetado pela guerra civil, com regiões sob controle dos rebeldes e um governo que tem a inimizade do Ocidente. O enviado especial da ONU para a Síria pediu que a ajuda humanitária não seja politizada. “Temos que fazer todo o possível para garantir que não exista nenhum obstáculo à ajuda vital que é necessária”, disse Geir Pedersen. A União Europeia enviou rapidamente equipes de emergência para a Turquia, que também recebeu ajuda dos Estados Unidos, da China e dos países do Golfo, mas inicialmente ofereceu assistência mínima à Síria por causa das sanções contra o regime de Bashar al Assad. Nesta quinta-feira, 9, o noroeste da Síria, controlado pelos rebeldes, recebeu o primeiro comboio de ajuda internacional através da passagem de fronteira de Bab al Hawa, a única autorizada para o envio de material a partir da Turquia. Embora tenha sido um pacote de assistência planejado desde antes do terremoto, “pode ser considerada uma resposta inicial das Nações Unidas e deve continuar, como nos prometeram, com comboios maiores para ajudar nossa população”, disse Mazen Alloush, funcionário do posto de passagem da fronteira.
Conforme o tempo passa, o descontentamento cresce com a resposta das autoridades ao terremoto que, como admitiu na quarta-feira o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, apresentou “deficiências”. “Claro, há deficiências. É impossível estar preparado para um desastre como este”, afirmou durante uma visita a algumas das áreas mais afetadas. Vários sobreviventes foram obrigados a procurar alimentos e refúgio por conta própria. Sem equipes de resgate em vários pontos, alguns observaram impotentes os pedidos de ajuda dos parentes bloqueados nos escombros até que suas vozes não fossem mais ouvidas. O frio agrava a situação. Apesar da temperatura de -5ºC, milhares de famílias em Gaziantep passaram a noite em carros ou barracas, impossibilitadas de retornar para suas casas ou com medo de voltar para os imóveis. A União Europeia prepara uma conferência de doadores em março para mobilizar ajuda internacional para Síria e Turquia. “Ninguém deve ficar sozinho quando uma tragédia como esta atinge uma população”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Jovem Pan