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Saúde

Como lidar com uma pessoa com demência? Especialistas compartilham dicas de cuidados

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Cerca de dois milhões de pessoas convivem com algum tipo de demência no Brasil e este número deve triplicar até 2050. Com o envelhecimento da população brasileira, os cuidados com a doença serão cada vez mais necessários e urgentes. Especialistas da área médica compartilham fatos e dicas sobre como cuidar de pessoas que vivem com a doença. O neurocirurgião Bruno Burjaili esclarece quais pontos de atenção podem indicar potencialmente um caso da síndrome. “Grande parte das nossas funções mentais mais sofisticadas são agrupadas no que chamamos de cognição, incluindo: aprendizagem, memória, linguagem, função executiva (planejar, controlar distrações, mudar de estratégia), atenção, percepção, movimentação e interação social. Basicamente, há um quadro demência quando parte da cognição não funciona mais tão bem, e isso chega a comprometer o funcionamento diário da pessoa e a sua independência. A demência mais comum é a doença de Alzheimer, mas existem várias outras, como a demência frontotemporal. Além disso, existem algumas que lidamos bastante dentro dos transtornos de movimento, como demência com corpos de Lewy, demência da doença de Parkinson, demência na paralisia supranuclear progressiva, demência na atrofia de sistemas múltiplos e demência na doença de Huntington”, exemplifica.

O médico complementa que, como existem vários tipos, é difícil dizer uma regra geral para todos. “De modo superficial, se uma pessoa passa a ter dificuldades com seu funcionamento mental para levar o dia-a-dia, vale a pena desconfiar. É necessário muito cuidado para checar se não há problemas como depressão, alterações hormonais, deficiência de vitaminas, lesões intracranianas ou outras doenças que se confundam com a demência”, explica. O processo de diagnóstico da doença requer vários exames médicos, desde hemogramas, testes de estado mental e diagnóstico por imagem do cérebro. Gerontóloga e consultora do Método SUPERA, de ginástica para o cérebro, Thais Bento Lima complementa que o termo demência engloba um conjunto de doenças que são neurodegenerativas, ou seja, há uma lesão progressiva do cérebro. Ela aponta alguns sinais característicos da condição:

• Perda de memória;
• Dificuldade em executar tarefas domésticas (atividades básicas e instrumentais da vida diária;
• Problemas com o vocabulário e aspectos da linguagem;
• Desorientação em relação ao tempo e ao espaço;
• Incapacidade de julgar situações adequadamente;
• Problemas com o raciocínio abstrato;
• Colocar objetos em lugares equivocados;
• Alterações de humor e comportamento;
• Alteração de personalidade.

Thais complementa que acontecem simultaneamente pelo menos duas alterações das citadas acima. Sobre os cuidados para as pessoas com o diagnóstico, ela destaca que a confirmação da doença não significa o fim da vida do indivíduo. “Há recursos medicamentosos que vão ajudar a estabilizar a doença, ajudando o indivíduo a ficar mais tempo em determinado estágio, assim como atividades e intervenções que envolvem a atuação de equipe multidisciplinar. Isso envolve estimulação cognitiva, fisioterapia, terapia ocupacional, entre outros. É importante destacar que a pessoa com demência não é uma criança. Ela não perdeu toda sua capacidade. Ela ainda entende o que acontece no seu meio, mesmo com mais dificuldade. Não deve ser tratada de forma infantilizada, mesmo que precise de cuidados supervisionadas. A doença é apenas uma parte da vida dela. Não podemos reduzir a pessoa ao seu diagnóstico. É importante ter paciência e buscar respaldo de uma equipe técnica”, orienta.

A psiquiatra Jessica Martani complementa que é preciso que a pessoa com demência tenha uma rede de apoio que consiga acompanha-la durante esse processo. “Após entender qual o tipo de demência, é importante o uso adequado das medicações, idas periódicas ao especialista, sem esquecer de cuidar da parte nutricional, física e emocional. Na medida do possível, manter a autonomia da pessoa. Vejo que uma das principais dificuldades é a de aceitação. É muito difícil ver, por exemplo, um pai ou uma mãe que antes tinham toda uma autonomia ficarem dependentes. É complicado para os cuidadores observar a progressão das incapacidades. Então, é muito importante ter apoio com psicoterapia e uma rede de suporte para que os cuidados não fiquem apenas com uma única pessoa. Buscar ajuda não é fácil e lidar com tantas responsabilidades também é difícil. Para os pacientes, é muito importante ter rotinas bem estruturadas e com horários. Além disso, expor a pessoa a luz solar e estimular a prática de atividade física pela manhã ajuda o indivíduo a ter um bom ciclo sono vigília. Não infantilize a pessoa com demência e respeite seus desejos, se isso não for prejudicá-lo”, indica.

O neurocirurgião aponta que é importante não confrontar de modo insistente afirmações incorretas e cultivar uma atmosfera de paciência. “É produtivo falar lentamente, com palavras claras, e aguardar respostas, sem misturar muito os assuntos. Também ajuda bastante um ambiente calmo em casa, principalmente à noite, incluindo boa iluminação, além de cuidados em relação ao risco de quedas: evitar tapetes e calçados escorregadios, promover segurança no banheiro (com barras para apoio, bancos e pisos antiderrapantes), retirar objetos e fios do chão. O caminho é ficar perto, sem sufocar. Dar cuidado e, dentro do possível, liberdade. Ouvir quando precisar, falar quando precisar, tentar os dois quando não souber o certo”, recomenda. Além disso, outra questão essencial é o cuidado com quem cuida. Para ele, deve-se prestar atenção a elementos como: revezamento, divisão de custos, amparo psicológico, tempo para distração e lazer, atenção com o núcleo familiar, considerar instituições de apoio e procurar contato com outras famílias em situação similar. Bento Lima complementa com dicas para cuidadores de pessoas com demência:

• Aceite a doença e não se culpe em relação ao diagnóstico ou progressão do quadro;
• Desenvolva atitudes positivas, focando na resiliência como uma capacidade humana: cultive o otimismo e a flexibilidade;
• Procure aprender sobre a doença, recorrendo, por exemplo, aos canais da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz);
• Apoie-se nos demais: fale abertamente com seus familiares sobre sentimentos, preocupações e dificuldades, fortalecendo a rede de suporte;
• Gerencie seu estresse: ele não vai desaparecer. Faça pausas sempre que necessário; e
• Busque atenção psicogerontológica, de modo individual ou em grupos de apoio.

Fonte: Jovem Pan

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