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IGP-M desacelera em 1ª prévia, mas pode voltar a subir no mês, diz FGV Ibre

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Taxa menor foi influenciada por preços do atacado "praticamente estáveis" e inflação do varejo em desaceleração, destaca o economista responsável pelo indicador A primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) desacelerou de 0,35% em dezembro do ano passado para 0,32% em janeiro desse ano, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Segundo André Braz, economista da fundação responsável pelo indicador, a taxa menor foi influenciada por preços do atacado "praticamente estáveis" e inflação do varejo em desaceleração, no período.

No entanto, ele fez uma ressalva. É possível que o indicador volte a subir no mês e, com isso, a elevar a taxa completa do IGP-M de janeiro, ante desempenho de prévia anunciada nesta terça-feira (10).

Isso porque, até a primeira prévia do IGP-M de janeiro, cuja coleta de preços vai até 31 de dezembro de 2022, o indicador ainda contava com influência de quedas de preço de combustível, anunciadas pela Petrobras no ano passado, que ajudam a diminuir variação de preços tanto no atacado quanto no varejo. Essa influência não mais existirá, nas próximas apurações do indicador, explicou ele.

No entanto, ao falar do cenário de preços ao longo de 2023, Braz comentou ser possível um cenário de "inflação branda", na leitura dos Índices Gerais de Preços (IGPs), no país.

Ao detalhar a evolução da primeira prévia do IGP-M, Braz comentou que, no caso do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa a inflação atacadista e tem 60% de peso no total do IGP-M, houve uma "queda de braço" entre dois tipos de produto: um com preços em alta, outro com preços em queda. O IPA acelerou de 0,32% para 0,35% entre a primeira prévia de dezembro e igual prévia em janeiro, e "ficou praticamente igual" no período, na análise do técnico. Isso porque, ao mesmo tempo que sofria influência de alta de 8,38% no preço do minério de ferro, atualmente em recuperação após sucessivas quedas no ano passado, também foi afetado por recuos de 4,53% no óleo diesel; e de 3,34% em gasolina automotiva.

O minério, sozinho, representa 5,1% do total do IPA. Mas o diesel e gasolina, somados, pesam 6% no cômputo total da inflação atacadista. Assim, os pesos, no cálculo total do IPA, das duas influências - uma para elevar, outra para reduzir - são muito similares, notou ele.

A influência dos combustíveis mais baratos não se restringiu ao atacado. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), 30% do total do IGP-M, desacelerou de 0,38% para 0,22% entre a primeira prévia de dezembro e igual prévia de janeiro, favorecido por queda de 1,43% no preço da gasolina. Somente esse combustível, sozinho, representa 4,8% do total do IPC, comentou ele.

Mas, como essa influência de combustíveis mais baratos não mais existirá, nas próximas apurações de coleta de preços para cálculo do indicador, o técnico não descartou que o IGP-M do mês volte a acelerar, em janeiro - e termine o mês com taxa positiva e acima do observado até primeira prévia do IGP-M de janeiro.

Entretanto, ao ser questionado sobre cenário inflacionário de longo prazo dos Índices Gerais de Preços (IGPs), após janeiro, o técnico ponderou que, pelo menos até o momento, não há sinais de choques inflacionários, no horizonte. Diferente do começo do ano passado, não se tem, no início de 2023, um quadro de começo de guerra imprevista entre Rússia e Ucrânia - que elevou preços de commodities, como grãos e petróleo, comentou. Ao mesmo tempo, o atual patamar de juros elevados, uma das estratégias usadas pelo governo para reduzir avanço inflacionário, deve inibir cenário de aquecimento de atividade, que costumeiramente conta com frequência maior de aumentos de preços. Todos esses aspectos, reunidos, fazem o especialista acreditar que há possibilidade de ambiente para taxas de IGPs sem muitos sobressaltos, em médio e longo prazo, ao longo de 2023.

O especialista fez uma ressalva, no entanto. Para Braz, esse cenário de inflação mais comportada pelos IGPs poderia mudar, a depender de um fator muito importante: a questão fiscal. O especialista voltou a citar a preocupação do mercado financeiro com o quadro fiscal do país, que acaba por elevar o dólar e, por consequência, a puxar para cima o desempenho dos indicadores. Isso porque a cotação da moeda norte-americana influencia preços de importados e de commodities, dentro IPA - e a inflação atacadista tem maior peso no cálculo dos IGPs, lembrou ele.

"Não deve haver nenhum choque [inflacionário]. Mas a inflação continua no radar", afirmou ele, acrescentando que, além da questão fiscal, a atividade econômica da China, país que é o maior comprador global do minério de ferro brasileiro, também precisa ser acompanhado de perto, para mensurar trajetória futura dos IGPs, neste ano.

André Braz, economista da fundação responsável pelo IGP-M

Leo Pinheiro/Valor

Fonte: Valor Invest

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