Ele criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo uso "indiscriminado" da imposição de sigilo em documentos e informações pessoais e do governo O advogado Vinícius Marques de Carvalho tomou posse nessa terça-feira (3) como ministro da Controladoria-Geral da União (CGU). Na cerimônia, ele afirmou que, nos últimos anos, as políticas públicas foram “desconstruídas” e criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo uso "indiscriminado" da imposição de sigilo em documentos e informações pessoais e do governo.
"Temos que fazer a sociedade voltar a acreditar no Estado e nas instituições, para isso vamos nos basear em duas máximas fundamentais. A primeira é que transparência é regra, e sigilo é a exceção da exceção. A segunda é de que órgãos de controle não servem apenas para coibir atos ilícitos, mas podem e devem ser instrumentos de promoção de políticas públicas exitosas na gestão", disse ele, em seu discurso de posse, em auditório do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB).
O novo ministro lembrou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, no dia da posse, um decreto determinando que a CGU reavalie, em 30 dias, as decisões do ex-chefe do Executivo nessa área. Entre as informações que o ex-mandatário colocou em sigilo, está a própria carteira de vacinação.
Bolsonaro também escondeu o registro de visitas de seus filhos e de pastores às dependências do Executivo e um processo interno aberto contra o general e ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, agora eleito deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro.
Carvalho disse que já formou uma equipe para a função e brincou com o curto prazo, admitindo que pediu para que esse trabalho fosse feito em 60 dias. Segundo ele, haverá uma revisão de atos que impuseram sigilo a documentos públicos, com exame de casos apontados pela equipe da transição, imprensa e sociedade civil, além de um levantamento interno.
"É momento de união e reconstrução. Como destacou o presidente Lula, a partir de hoje, Lei de Acesso à Informação (LAI) voltará a ser cumprida. O Portal da Transparência voltará a cumprir seu papel. Não há democracia e soberania sem Estado transparente, aberto ao diálogo, controle e participação social em que o sigilo não é a regra", disse.
Carvalho também lembrou do fato de Bolsonaro ter viajado para os Estados Unidos e se recusado a passar a faixa para Lula, a quem classificou como uma "força da natureza". "Ele nunca pegou avião para fugir para lugar nenhum do mundo, muito menos às custas do Estado brasileiro.”
O novo CGU afirmou ainda que o combate à corrupção vai ser um dos eixos da sua gestão, mas sem “julgamentos de exceção”. O tema é considerado caro para o PT, já que Lula foi preso pela operação Lava-Jato. Ele defendeu ainda que a agenda de auditorias precisa ser retomada.
“A punição deve ter com base o devido processo legal e a verdade factual. Alegorias persecutórias não fazem parte da missão que a lei nos confere”, afirmou.
Segundo ele, é preciso “ressignificar o combate à corrupção”, para que os mecanismos não sejam “utilizados para fins políticos e criminalizar opositores”. “Um combate à corrupção que se destina àquilo que deve ser: instrumento de controle das políticas públicas, para que elas cheguem onde devem chegar."
Carvalho disse ainda que “não há democracia” quando há “mordaça de servidores”, em mais uma crítica à gestão anterior. De acordo com o ministro, será feita uma revisão de uma nota técnica que limitou a manifestação de agentes públicos.
A cerimônia foi acompanhada por nomes do novo governo, como o ministro da Justiça, Flávio Dino, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.
Integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que já foi presidido por Carvalho, também acompanharam a posse, entre eles o presidente do órgão, Alexandre Cordeiro.
Fonte: Valor Invest