A melhor hora de comprar dólar é sempre uma grande dúvida para quem busca a moeda, seja para investir ou viajar. Com a entrada de um novo governo, incertezas em relação ao rumo da economia brasileira, aumento da demanda por conta da alta temporada de viagens e a implementação da nova Lei Cambial, esse questionamento torna-se ainda mais relevante. De acordo com especialistas ouvidos pela Jovem Pan, sempre é um bom momento para adquirir a moeda norte-americana. Ter dólar na carteira de investimento é uma recomendação recorrente do chief business development officer (CBDO) da Travelex, João Manuel. “Quando falamos em carteira de investimento, precisamos sempre ter uma reserva em moeda estrangeira. Ela é importante para emergências, como ocorreu com a pandemia, viagens e várias outras coisas. Recomendamos nunca usar mais do que 30% da carteira em moeda estrangeira e só alocar nisso realmente o dinheiro excedente”, recomenda. João esclarece que, para fugir das variações nas taxas, é possível adquirir dólar com um valor fixado por mês em reais, por exemplo, um investimento mensal de R$ 500 a ser revertido na moeda norte-americana, independentemente da cotação. Com isso, é possível evitar grandes mudanças no valor do investimento, contribuindo para a organização financeira do investidor. De acordo com o CBDO, essa é uma estratégia importante para quem vai começar a investir em moeda estrangeira. “A expectativa para a taxa de câmbio no próximo ano é continuar rondando do mesmo jeito, flutuando entre R$ 5,20 e R$ 5,70. Teremos uma volatilidade grande, mas similar a 2022. A acomodação do governo que assume no próximo ano será difícil. O que vai determinar mesmo para onde vai essa taxa serão os primeiros três meses de governo e a forma como a economia será conduzida”, avalia.
Investidora de longa data, Carol Dias opina que sempre é uma boa hora para comprar dólar e investir no exterior. Ela pondera que, apesar de ser imprevisível e impossível saber em que cotação irá fechar, a moeda norte-americana é mais forte frente ao real e uma boa aposta para quem busca segurança. “No Brasil, nós tivemos várias trocas de moeda, enquanto os Estados Unidos mantêm a mesma há mais de 230 anos, sendo ainda hoje a mais forte do mundo. As bolsas norte-americanas, no longo prazo, se recuperam mais rápido que a brasileira. E, comprando dólar, você se expõe a empresas gigantes no exterior. Outro ponto é o risco político e fiscal que vivemos atualmente com a mudança de governo. Com algumas notícias, vimos o Ibovespa cair enquanto o dólar subia. É um momento muito volátil e não sabemos como vai ser a transição. Vimos o que aconteceu com a Rússia com a guerra com a Ucrânia. Se as pessoas tivessem se segurado apenas na moeda russa, elas teriam muitos problemas porque foi impedido o uso dela. Mesmo com a alta de juros nos Estados Unidos, que fez o dólar cair um pouco, a moeda continua sendo muito forte e mostra muita resiliência”, explica. Carol recomenda que os investidores apliquem o dinheiro com calma, não se desesperem com a movimentação do mercado e, acima de tudo, estudem e façam planejamentos financeiros.
Superintendente de câmbio do Grupo Rendimento, Jacques Zylbergeld pondera que “a hora ideal para adquirir o dólar não existe”. Segundo ele, por mais que se acompanhe as flutuações do mercado e relatórios, as incertezas em relação à cotação tornam difíceis precisar qual o momento ideal para realizar a compra da moeda. “Por conta disso, nós recomendamos que o consumidor aja com uma estratégia planejada de como conseguir bons negócios. Isso inclui separar um pouco do dinheiro mês a mês e fazer a compra em etapas. Para entender um pouco como ficará a taxa de câmbio, precisamos olhar mercado interno e externo. Com o novo governo, o país quer entender qual é o horizonte fiscal que vai oferecer um pouco de previsibilidade e estabilidade. A própria ata do Copom do Banco Central trouxe essa preocupação e foi firme em dizer que uma injeção de capital desmedida pode trazer danos à economia e voltar a subir juros. No mercado internacional, o mundo inteiro está de olho nos Estados Unidos com a alta da inflação e com a China e suas medidas econômicas e restrições da pandemia. Um pouco de todas essas questões influenciam nossa moeda e, consequentemente, o câmbio”, pontua.
Já quando o assunto é viagem, a regra de ouro é comprar dólar ao longo do tempo para garantir um preço médio e evitar altas de moeda, apontam experts em câmbio. Essa é a recomendação de Ricardo Amaral, head da Western Union Brasil, que complementa que a pior coisa a se fazer é deixar para comprar na última hora. “Não deixa para comprar no aeroporto, programem-se. É preciso entender que o mercado é volátil, não só por política, mas também o que está acontecendo em economia e no exterior. Por isso, comprar paulatinamente e observar as oscilações é a melhor forma. Temos a nova Lei Cambial que vem aumentar os limites transacionais e melhorar a parte da burocracia do mercado de câmbio. Se você diminui a burocracia, consegue diminuir também o custos das empresas que vendem moedas estrangeiras. Assim, elas vão poder oferecer preços mais competitivos. O valor do dólar vai depender da interpretação do mercado de todas as mudanças que estão ocorrendo”, indica.
Fonte: Jovem Pan