A colunista Sofia Esteves dá dicas para leitora que deseja ampliar a rede de contatos na própria organização >> Envie sua dúvida de carreira, acompanhada de seu cargo e sua idade, para:
[email protected]“Trabalho numa multinacional e sei fazer networking com pessoas de fora. No entanto, gostaria de expandir e fortalecer meus contatos na própria companhia, mas não sei exatamente por onde começar. Como aumentar as conexões para criar um networking mais eficaz dentro da empresa?” Engenheira, 37 anos
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Quando o assunto é networking, a primeira coisa que gosto de fazer é desmistificar algumas ideias sobre o conceito. Networking não é chegar com o cartão de visitas na mão — ou, nos dias de hoje, pedir para se conectar pelo LinkedIn. Também não é uma aproximação interesseira, que já começa pedindo favores. A prática não se restringe a quem atua na mesma área que você ou ocupa cargos altos.
Sei que nada do que citei acima é novidade, mas sinto que são coisas que muita gente continua fazendo na hora de praticar a arte de se relacionar genuinamente com as pessoas. Aliás, “relacionamento genuíno” é um termo que, na minha opinião, resume muito bem do que se trata um bom networking.
Colunista destaca que é preciso haver interesse genuíno nas outras pessoas para que o networking seja eficaz
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Quis esclarecer esses pontos antes de responder a pergunta porque é importante avaliar se o que estamos colocando em prática é, de fato, networking ou se apenas estamos aumentando o número de contatos no LinkedIn. As duas coisas, veja bem, são muito diferentes!
Verifique se você realmente tem uma rede de contatos sólida, com a qual se comunica constantemente, troca aprendizado e se relaciona de forma genuína. Se a resposta for positiva, então, minha sugestão é que você reflita como esse network foi construído ao longo dos anos e o que você pode fazer de forma similar na sua empresa.
Afinal, o processo de construção dessa rede dentro ou fora do seu trabalho atual não deveria ser muito diferente. A recomendação de se relacionar genuinamente com as outras pessoas, de se colocar à disposição antes de sair pedindo favores e de manter contato ao longo do tempo continuam valendo quando o objetivo é ampliar e fortalecer seu network na organização onde atua.
Se a dificuldade é, no dia a dia do trabalho, conhecer talentos de outras áreas, que desempenham outras funções ou até que trabalham em outra unidade em uma cidade diferente, uma dica é pedir para que a sua liderança a inclua em algum projeto que envolva profissionais variados.
Mostre interesse em participar de squads, de contribuir com outras áreas da empresa e, se for o caso, até de experimentar trabalhar em outro departamento — ou, quem sabe, fazer um job rotation. Importante apenas que você, de fato, tenha disponibilidade e vontade para fazer essas coisas. Entrar em uma squad e se envolver em um novo projeto apenas para ampliar o network dentro da empresa, mas sem fazer um bom trabalho nesse novo desafio, vai mais prejudicar do que ajudar.
Caso você não tenha disponibilidade para tanto, um caminho mais simples é convidar a pessoa da sua empresa para almoçar, demonstrar interesse pelo que ela faz, aprender com a experiência dela e também compartilhar o seu conhecimento. Porque, como já disse, o bom networking se baseia na troca: não é só pedir, você precisa se doar.
Dá também para pedir ajuda para quem já é mais próximo dentro da organização. Pergunte para os seus contatos se eles não poderiam apresentá-la para outras pessoas, explique que você gostaria de conhecer melhor outras áreas e se colocar à disposição para auxiliá-las.
Você não precisa ter um plano complexo para chegar até esses colegas de trabalho, aproveite as situações cotidianas da rotina corporativa, como o almoço, uma pausa para o café ou o evento da empresa. Esses momentos são ótimas oportunidades para criar aquele primeiro vínculo, o qual deve ser cultivado e estreitado ao longo do tempo.
Sofia Esteves é psicóloga com especialização em recursos humanos e presidente do conselho do grupo Cia de Talentos
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[email protected]Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.
Fonte: Valor Invest