A Jovem Pan acompanhou a prestação de contas da Secretaria de Fazenda e Planejamento do governo de São Paulo na última quinta-feira, 22, que apontou que deixará uma “herança bendita” para o futuro governo, de Tarcísio de Freitas. Em entrevista exclusiva, o atual secretário da pasta, Felipe Salto, disse que a atual gestão Doria/Garcia deixa um caixa de R$ 33 bilhões livres no Estado. “É importante a gente dizer que São Paulo, desde o governador Mário Covas, em 1995, melhorou os seus indicadores fiscais, financeiros, de finanças públicas, e econômicos. Então, de um lado, aumentamos os investimentos, reduzimos a dívida em relação à receita, que é o principal indicador de solvência de saúde fiscal do Estado, e, ao mesmo tempo, a gente entrega um caixa cheio de recursos: R$ 33 bilhões livres e o caixa total de mais de R$ 86 bilhões. Só olhar a fotografia não é suficiente, a gente precisa ver o que está acontecendo com a evolução dos investimentos, com a evolução da dívida e com a evolução do caixa. Essas três coisas são muito positivas neste momento. Nós multiplicamos o caixa de 2018 para cá por 3,5 vezes. Então é um caixa que dá conta de pagar, por exemplo, quatro folhas salariais inteiras, mensais, se preciso. Não que será, mas se for. É uma reserva importante. A dívida é a menor da série histórica: 112%. Então é uma herança que o governador Rodrigo Garcia e a nossa gestão na Secretaria da Fazenda deixam para o próximo. E, mais do que isso, os investimentos vão terminar esse ano em mais de R$ 27 bilhões, mais do que a própria União está prometendo investir em 2023”, disse Salto.
Questionado sobre a preocupação com alteridade fiscal, o secretário disse que foi a marca de sua gestão, mas também de governos passados do PSDB. “Não só a marca dessa minha gestão, como do ministro Meirelles, que me antecedeu, como de todos os governadores e secretários que nos antecederam desde 1995, a começar pelo professor Yoshiaki, na Câmara, que foi o secretário do saudoso governador Mário Covas, que é uma referência até hoje. Todas as gestões do PSDB, até agora, produziram resultado positivo para o erário, mas não o resultado positivo pelo resultado positivo, não é a austeridade por austeridade, é responsabilidade fiscal combinada com o resultado, com responsabilidade social. Ampliamos, em relação ao ano passado, por exemplo em 100% o volume dos recursos da bolsa do povo”, disse.
Ao ser indagado sobre a aprovação da PEC da Transição e qual sua visão para solucionar eventuais futuros problemas que o estouro do teto poderia gerar a nível nacional, Salto citou a necessidade de uma nova âncora fiscal. “A PEC da Transição pode ter problemas, porque ela não pode ser solteira em termos de medidas fiscais. É urgente que se anunciem nomes que tenham credibilidade para que a política fiscal possa voltar a um padrão adequado, digamos assim. A PEC da Transição autoriza gastos acima do teto. Isso não é novidade. Em 2019, 2020, 2021 e 2022, se a gente somar tudo o que foi o estouro do teto nesse período, inclusive com necessidade de mudar a Constituição, com uma PEC por ano, você teve mais de R$ 800 bilhões em estouro do teto. Então, o estouro por si só não é necessariamente ruim, há que ver qual vai ser a destinação desses recursos e qual vai ser a medida no dia seguinte. Vai ter uma nova regra fiscal? O teto vai voltar ao que era em 2016? Nós vamos ter outros tipos de limitações? Há um grande ponto de interrogação para essas perguntas, um grande vazio que não foi preenchido por nada ainda”, disse.
Com o nome ventilado para assumir uma secretaria no Ministério da Fazenda de Haddad, Salto elogiou o petista de São Paulo que comandará, junto com Lula, a economia do Brasil a partir de 2023. “Eu acho o ministro Fernando Haddad extremamente qualificado, tanto do ponto de vista acadêmico, pela trajetória que ele tem, quanto pelo track record, pelo histórico dele na prefeitura de São Paulo, por exemplo, que ele entregou uma dívida muito mais baixa, a prefeitura saneada, antes a situação era bem pior, conseguiu renegociar a dívida. São indicadores que, quando a gente olha para a experiência, para o passado de quem agora vai comandar a pasta da Fazenda, que são positivos. Agora vai depender de uma série de fatores, do contexto internacional, das medidas fiscais que são gestadas e adotadas, de equipe, tudo isso”, afirmou.
*Com informações do repórter Vinícius Moura
Fonte: Jovem Pan