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Aluguel

Aluguel de imóvel próprio complementa renda de brasileiros acima de 50 anos em busca de qualidade de vida

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Atualmente, a população brasileira conta com 54,8 milhões pessoas acima de 50 anos, de acordo com dados da plataforma Longevidade, focado na faixa etária 50+. E, a cada 21 segundos, uma nova pessoa entra para essa lista. Estimativas indicam que a proporção de pessoas maduras deve aumentar nas próximas décadas. O estudo Tsunami 60+ revela que, em 2030, haverá mais idosos do que pessoas com até 14 anos no Brasil e que até 2050 a nação brasileira será o 6º país mais velho do mundo. Com isso, a faixa etária mais madura ganha cada vez mais participação e importância na atividade econômica. Contudo, muitas dessas pessoas sobrevivem apenas com a aposentadoria, que perde poder com a alta da inflação e o aumento nos preços ao consumidor. Somado isso ao aumento de custos que a fase mais avançada da vida traz, muitas vezes apenas o benefício não é suficiente para manter a qualidade de vida. Por isso, muitos brasileiros acima de 50 anos tem apostado na locação de imóveis para conseguir um sustento a mais, como aponta uma nova pesquisa da startup Quinto Andar. Após ouvir cerca de 600 pessoas, a plataforma descobriu que 78% dos brasileiros que colocam um imóvel para alugar têm como objetivo ter uma renda mensal para complementar a aposentadoria.

Head of Consumer Insights do Quinto Andar, Soraia Marioti observa que, para estes 78%, o aluguel de imóveis acaba sendo uma forma de garantir uma renda corrente, uma vez que o mundo corporativo estabelece um prazo de validade para pessoas mais velhas e muitos precisam buscar uma nova fonte de arrecadação. “Historicamente, não existe educação financeira no Brasil. Inclusive a previdência privada é para pouquíssimas pessoas. Você soma isso ao fato do mercado de trabalho não permitir que pessoas mais velhas atuem de forma ativa, elas acabam perdendo renda. Como manter o padrão de vida com custos que vão aumentar? Quando as pessoas envelhecem, a renda cai e os custos aumentam, com plano de saúde e outros cuidados. Comprar imóveis ainda é visto como um caminho seguro e bem eficiente para complementar a renda. E o brasileiro é um investidor conservador. Por isso, o imóvel acaba sendo uma boa alternativa para garantir um velhice tranquila”, contextualiza. Durante as entrevistas, Soraia observou casos em que essas pessoas possuem um imóvel principal e alugam o segundo, sendo estes a maioria, e outros em que eles alugam o imóvel que tem para ir para lugares menores. O mercado de aluguel não estagnou nos últimos anos e isso leva a uma taxa de rotatividade baixa para o proprietário. É importante para as pessoas não terem custos. O Brasil e a América Latina envelhecem a passos largos. E, quanto mais velhos, mais a renda cai, apesar do maior poder aquisitivo. Nossos jovens não vão chegar ao mesmo nível econômico que os pais e avôs. Por isso, esse é um assunto urgente enquanto sociedade”, pondera.

Aos 70 anos, Rugenia Pomi é uma das pessoas que encontrou no aluguel de propriedades uma fonte extra de renda. Ao longo da vida, ela conseguiu acumular três imóveis comerciais e três residenciais, sendo um deles o local onde reside. Segundo a especialista em mentoria de vida e trabalho, apenas a aposentadoria não era suficiente para manter o padrão de vida. “Eu comecei a alugar imóveis fundamentalmente para ampliação de renda e garantir qualidade de vida. Eu trabalhei muito, desde os 17 anos, mas hoje minha aposentadoria paga o mínimo do mínimo, cerca de 20% das minhas contas. Não é o suficiente para quem quer ter uma vida confortável. E o aluguel é uma forma fantástica de trazer essa renda a mais. Hoje, entre 60% e 70% do meu custo de vida é pago com isso. Eu comecei a comprar propriedades há 40 anos, adquirindo aos poucos, pensando que o imóvel daria uma sustentação. Hoje, eu multipliquei em mais de dez vezes meu investimento e tenho a garantia de uma renda mensal, que faz uma grande diferença”, aponta. Além da segurança financeira, os aluguéis também deram flexibilidade para Rugenia, que pode passar os últimos anos ao lado da mãe, Edetildes, antes dela falecer aos 98 anos. “Minha mãe também adquiriu imóveis, mantendo a independência e autonomia ao longo da vida. Ela foi um exemplo de mulher forte e guerreira e com certeza aprendi com ela. Não podemos depender da previdência governamental e, embora o SUS seja maravilhoso e fundamental para o país, o custo dos planos de aposentadoria, pensão e saúde para idosos cresceu muito. Acredito que essa geração está trazendo uma nova visão de velhice e envelhecimento. Com o que eu conquistei e com a maturidade, hoje eu vivo meu melhor momento, com bastante autonomia, de forma mais leve e gostosa”, compartilha.

Sobre esse movimento, o economista Igor Lucena ressalta que o Brasil vem de um período de aumento inflacionário, que corrói o poder de compra das famílias, prejudicando principalmente os mais pobres e mais velhos. “Quando você fala de recomposição de renda, os mais idosos não têm capacidade de se movimentar com sindicatos e associações para pedir aumento de renda acima da inflação. E o cálculo que a gente faz da inflação não se aplica de forma linear, porque o reajuste em medicamentos e planos de saúde são muito superiores. Com o aumento de custos, as empresas repassam para o consumidor a um valor muito mais alto. Além disso, no passado existia a visão de que era mais fácil comprar imóveis. Ter um imóvel próprio era o principal bem para uma população que não tinha grande acesso ao mercado de capitais. E a grande forma de fazer esse bem render é alugando ou vendendo. Nos Estados Unidos, por exemplo, as pessoas mais velhas contam com poupanças no mercado de ações. O que fica para o idoso brasileiro basicamente é a capacidade de alugar os imóveis para complementar a renda por conta dos processos inflacionários e a difícil situação econômica. Outra questão que temos no Brasil é que o imóvel é considerado um bem de família, portanto não pode ser penhorado ou retirado da posse da pessoa, mesmo que ela tenha dívidas. Com isso, ele se torna um ativo muito precioso. Com o aumento da taxa de juros, sem previsão para abaixar, o mercado de aluguel deve continuar aquecido e crescendo nos próximos meses”, prevê.

 

Fonte: Jovem Pan

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