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PIB per capita supera nível pré-pandemia, mas já desacelera


Para além da preocupação com desempenho à frente, a economista Silvia Matos, do FGV Ibre, lembra que, ao olhar no horizonte mais longo, o PIB per capita ainda não recuperou perdas da recessão de 2015 e 2016 A revisão das Contas Nacionais de 2021 e 2020 melhorou o cenário para o Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Os novos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a economia brasileira caiu menos que o imaginado inicialmente no primeiro ano de pandemia – recuo passou de 3,9% para 3,3% – e teve recuperação mais forte em 2021, a alta de 4,6% foi ampliada para 5%.

Com isso, o PIB per capita já recuperou, no fim de 2021, o patamar observado antes da pandemia e deve encerrar este ano 2,3% acima de 2019, pela projeção da economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro Ibre. O crescimento da atividade econômica além do que se imaginava, com incentivos fiscais, também colabora para esse cenário, aponta.

A abertura dos dados pelos trimestres ao longo do ano de 2022, no entanto, já mostra a desaceleração do PIB per capita, segundo Matos, que se soma à previsão de um 2023 sem crescimento, nas suas contas.

Para além da preocupação com o desempenho daqui para a frente, ela lembra que, quando se olha em um horizonte mais longo de tempo, o PIB per capita ainda não recuperou as perdas da recessão de 2015 e 2016. O cálculo de Maroso é de que o PIB per capita encerrará 2022 em nível 4,7% inferior ao de 2013, antes do início daquela crise.

“O PIB per capita melhorou em relação ao que seria antes da revisão do PIB. A gente conseguiu voltar a 2019, mas ainda estamos distantes do patamar pré-crise de 2015 e 2016. Ao mesmo tempo, quando olha para frente, tem um desafio de manter um ritmo de crescimento em 2023. É como se voltasse na tendência pré-pandemia, mas não se sabe se vai acelerar muito”, afirma a economista.

Comparação com outros países

O PIB per capita é calculado a partir da divisão de uma economia pelo tamanho da sua população. A ideia é relacionar o crescimento de um país com a riqueza de seus habitantes. Ele funciona principalmente para comparar a situação de um país com as dos demais.

Há quem considere como uma referência para o padrão de vida da população, apesar de suas limitações. Isso porque representa uma média e não contempla as desigualdades, que se tornam ainda mais claras no caso de países desiguais como o Brasil.

Os dados divulgados nessa quinta (1º) pelo IBGE mostram que o PIB cresceu 0,4% no terceiro trimestre, frente ao trimestre anterior. No segundo trimestre, a expansão tinha sido maior, de 1%.

Diante desse resultado, a estimativa de Silvia Matos é de que o PIB per capita tenha crescido 0,2% no terceiro trimestre de 2022, para R$ 42.625. O cálculo considera um aumento de 0,18% da população no trimestre (proporcional a uma taxa de 0,7% no ano). A variação do PIB per capita tinha sido de 1,1% no primeiro trimestre e de 0,8% no segundo trimestre.

“Vemos uma desaceleração das medidas do PIB per capita em termos trimestrais, apesar de ser um ano bom comparado com 2021. A expectativa é de que o PIB per capita nesse quarto trimestre vá para o terreno negativo. Ou seja, está desacelerando não só em termos de PIB como de PIB per capita também”, aponta.

Ano de eleição

Pelas projeções de Matos, o PIB deve crescer cerca de 3% em 2022 e ter variação de 0,2% em 2023, perto da estabilidade. Esse cenário de economia mais fraca em 2023 se deve, segundo ela, a “uma conta a ser paga de 2022”, referindo-se aos estímulos fiscais dados ao longo do ano, que amenizaram o impacto da alta de juros na economia.

“Já era para ter desacelerado mais em 2022 se só política monetária estivesse atuando. Mas é claro tem que lembrar que é ano de eleição. A pandemia é muito desigual entre famílias e empresas e demanda políticas de estímulo. E a gente nunca consegue fazer isso de forma cirúrgica. Acaba abrindo a porteira para estímulos como um todo, ainda mais em ano de eleição. Tem necessidade de política fiscal, mas é claro, foi além da conta. Aí a economia vai mais, mas colhe mais inflação e um mercado de trabalho mais apertado. Tem um custo de pagar essa conta mais apertada em 2023, não só no Brasil, mas no mundo”, afirma.

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