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Não falta dinheiro francês para quem tiver projeto ESG


Em 15 anos no Brasil, a unidade de financiamento ao desenvolvimento Proparco, da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), investiu US$ 1,3 bilhão em projetos locais. E tem mais dinheiro vindo aí O Brasil está no topo da lista de destinatários latino-americanos dos investimentos realizados pela Proparco, unidade de financiamento ao desenvolvimento econômico pertencente à Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Em visita ao Brasil para comemorar os 15 anos no país, em meados de novembro, a CEO da Proparco, Françoise Lombard, falou ao Prática ESG sobre os próximos anos.

No mundo, os investimentos da Proparco somaram 2,3 bilhões de euros em 2021. O Brasil é destino preferencial do braço de financiamentos da agência na América Latina. Nesses 15 anos, a organização já financiou 35 projetos locais, que totalizam US$ 1,3 bilhão.

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Apetite e dinheiro, portanto, não faltam aos franceses. Mas há um foco bem estabelecido nos projetos que os interessa financiar: que estejam 100% alinhados ao Acordo de Paris – compromisso mundial de combate às alterações climáticas com a redução de gases do efeito estufa – e aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.

No caso do combate às mudanças climáticas, a prioridade da instituição é apoiar projetos de geração de energia renovável. Não por acaso, o maior aporte feito pela Proparco no Brasil foi de 90 milhões de euros investidos pela Enel na instalação de planta fotovoltaica, com capacidade de geração de 250 MW, em Ituverava, interior de São Paulo, em 2017.

Segundo dados da Proparco, a área de energia limpa responde por 15% dos empréstimos realizados no Brasil, em meio a uma carteira bastante diversificada de projetos. Nessa área, por exemplo, houve a construção de uma usina de biogás para mudar a matriz energética das máquinas usadas no campo pela Tereos, uma das maiores companhias globais de açúcar e álcool.

Em São Paulo, Françoise Lombard disse que o banco “tem muito interesse em financiar projetos de saneamento”, especialmente depois da aprovação do Novo Marco Legal do Saneamento, em julho de 2021, pelo Congresso Nacional.

O Brasil vai precisar investir algo em torno dos R$ 300 bilhões no setor, até 2026, de acordo com levantamento da Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto), divulgado em agosto passado. “O BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] sozinho não vai conseguir atender todas as demandas de financiamento”, presume a CEO da Propago.

Ela diz que, embora outros países emergentes, como China e Índia, tenham também grandes demandas por capital, o Brasil sai na frente por ter um ambiente regulatório mais sofisticado que os potenciais concorrentes. “O marco de parcerias público privadas (PPP) está mais bem definido no Brasil em comparação a outros países emergentes que, têm demanda, mas não têm um perfil regulatório tão sofisticado." Água e saneamento completam o foco prioritário da instituição financeira francesa, por estarem relacionado ao ODS número seis, da ONU, que estabelece a universalização do acesso à água potável e ao saneamento até 2030.

Phillipe Serres, diretor para a região latino-americana da Proparco, diz haver outros segmentos aos quais a agência também tem dedicado atenção. “Empresas médias, com baixo acesso ao capital e em regiões menos desenvolvidas”, resume ele citando a Efficopar, de Pernambuco, como exemplo.

Com sede em Recife, a Efficopar é especialista em soluções para aumentar a eficiência operacional de empresas que vão de concessionárias de água, até hospitais, indústrias e shoppings center. Para se ter uma ideia do trabalho, vale citar que a empresa conseguiu baixar de 28% para 19% o índice de perda em apenas uma estação de abastecimento da Sabesp. “O que foi economizado em água, daria para abastecer mais de 40 mil pessoas”, afirma o sócio da Efficopar, Roberto Tavares.

Em outubro passado, a empresa recebeu investimento de R$ 55 milhões. Com o aporte, a empresa vai colocar em marcha seu plano de expansão e fazer frente a novos contratos, uma vez que seu modelo de negócio prevê remuneração à medida que as metas de eficiência são atingidas.

Outra empresa financiada pela instituição francesa é a Pró Infusion que oferece serviços de manipulação de terapias em tratamento oncológico e de nutrição parenteral, entre outros. A empresa recebeu um empréstimo de R$ 65 milhões da Proparco, via Vinci Partners, um dos principais parceiros operacionais da Proparco no Brasil, para melhorar a eficiência operacional. Em maio deste ano a empresa foi vendida para a Viveo, uma das maiores na distribuição de materiais hospitalares e medicamentos do país.

Quando perguntada sobre as expectativas com o próximo governo no Brasil, a executiva diz acreditar num incremento na demanda por projetos de infraestrutura. “E queremos colocar a Proparco como parceira nessas operações”, completa. De acordo com a executiva, a instituição financiou mais de 2 bilhões de euros, em 2021, ao redor do mundo. Deste total, 668 milhões foram destinados a projetos com foco no combate às mudanças climáticas. “Trabalhamos com foco na agenda ESG e queremos apoiar as iniciativas que levem em conta esses preceitos”, afirma Lombard.

Françoise Lombard, CEO Global da Proparco

Divulgação

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