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Brasil precisa aproveitar a última janela de oportunidade para explorar petróleo, avalia ex-diretor da ANP

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Segundo Décio Oddone, o Brasil possui um papel relevante na transição energética global, mas precisa explorar mais assertivamente as reservas, que poderiam inclusive ter produção destinada à exportação O Brasil precisa aproveitar a última janela de oportunidade aberta para explorar suas reservas de petróleo e gás natural, diante do aumento da relevância da segurança energética ao lado do tema da descarbonização, avalia o presidente da Enauta, Décio Oddone, ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Segundo ele, o Brasil possui um papel relevante na transição energética global, mas precisa explorar mais assertivamente as reservas, que poderiam inclusive ter produção destinada à exportação, a fim de levantar recursos que podem ser direcionados para reduzir a pobreza e ajudar no financiamento de projetos de descarbonização.

Oddone destacou que a segurança energética ganhou relevância nos debates sobre energia com o retorno das atividades econômicas e o conflito entre Rússia e Ucrânia, alinhando o tema ao lado da transição energética, principal pauta do segmento no mundo.

O executivo salientou que, desde a Segunda Guerra Mundial até o período pré-pandemia, um plano de investimento em exploração de petróleo poderia ser viabilizado quando a cotação do barril situava-se na faixa entre US$ 40 e US$ 50, em cenários mais conservadores. No entanto, o momento é de volatilidade e duas visões diferentes de perspectivas de preços do petróleo para o futuro. Há uma força de mercado mais alinhada a uma queda nos preços, cujos cenários são traçados a partir da ocorrência de uma uma recessão global, com cotações que se situariam na faixa entre US$ 60 e US$ 70.

A outra força, mais alinhada a uma perspectiva de maior alta de preços, enxerga cenários que envolvem a entrada em vigor, a partir de dezembro, de sanções mais rígidas à Rússia – que responde aos países europeus com suspensão no fornecimento de gás natural – e cortes na produção de petróleo pela Opep e menor oferta na produção nos próximos anos. Se esse cenário prevalecer, as cotações ficariam entre US$ 120 e US$ 130.

Em outubro, o então candidato à vice-presidência da república, Geraldo Alckmin, visitou o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e manifestou interesse em receber sugestões de medidas para o setor de petróleo e gás natural caso a chapa Lula-Alckmin fosse eleita.

Com a vitória, Oddone (que participa do conselho consultivo do Cebri) enviou carta, assinada em conjunto com José Pio Borges (presidente do conselho curador da entidade e ex-presidente do BNDES) com sugestões de medidas. Entre as propostas está o respeito a contratos, a continuidade da abertura dos mercados de refino e de gás natural, uma tributação mais simples e uma regra para conteúdo local mais flexível.

Na carta, Oddone e Borges pedem respeito aos contratos em vigor, o que tem sido feito até hoje, fato considerado fundamental para o sucesso dos leilões e para a atração de investimentos que fizeram o país estar a caminho de uma produção da ordem de 5 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/dia).

Um outro fator a ser observado, afirmou Oddone, é a manutenção do programa de desinvestimentos da Petrobras em refino e a busca de um mercado de gás natural mais aberto e competitivo. A maior concorrência na exploração e produção, com a entrada de mais players no mercado com o fim do monopólio da Petrobras, não se repetiu nestes segmentos, avalia.

Sobre a política de Paridade de Preço Internacional (PPI), adotada pela Petrobras, Oddone salientou que a formação de preços sempre considerou, de alguma forma, o cenário internacional e que o mais importante, hoje, é que os preços dos combustíveis não estejam defasados com o mercado externo, a fim de evitar desabastecimento no mercado nacional.

"O que houve no passado é que a Petrobras era monopolista e assim era mais fácil de administrar os preços. Num ambiente com diferentes agentes, com muitos produtores e importadores, fazer uma administração de preços é mais complexa. Não é preciso fazer administração de preços a cada minuto, o importante é algo que permita importação", salientou.

Décio Oddone, da Enauta

Leo Pinheiro/Valor

Fonte: Valor Invest

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