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Tokens de crédito de carbono são opção de investimento verde

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Com digitalização, ativos podem ser fracionados e oferecidos às pessoas, de forma segura e transparente O mercado de crédito de carbono vem ganhando proporções estratégicas no contexto global de políticas de controle das emissões de gases de efeito estufa, que têm provocado as trágicas mudanças climáticas. Países e grandes empresas se mobilizam para desenvolver mecanismos que realizem a chamada compensação de carbono, em operações em que os emissores recompensam aqueles que "sequestram" carbono da atmosfera, notadamente florestas preservadas ou plantadas.

A temática entra na pauta ESG das empresas, o conceito que aborda ações que atendam os critérios de proteção ambiental, social e governança corporativa. Indivíduos também podem fazer parte desse movimento e, atualmente, já contam com a chamada tokenização desses créditos, pelos quais podem compensar sua pegada de carbono em praticamente todas as atividades realizadas no dia a dia.

Os créditos de carbono são certificados que comprovam que a atividade de uma empresa ou um projeto de conservação ambiental evitou a emissão de 1 tonelada de dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), em determinado ano. Esses créditos são gerados por projetos focados no cultivo e preservação de áreas florestais ou desenvolvimento de energia renovável, como solar ou eólica, por exemplo.

No ano passado, esse mercado movimentou US$ 2 bilhões e a projeção da consultoria McKinsey é de alcançar US$ 50 bilhões em 2030.

O Brasil, segundo a consultoria McKinsey, possui 15% do potencial global de geração de créditos por soluções naturais ou 1,9 bilhão de toneladas de CO2. A estimativa é de que 78% dessa geração virá de projetos ligados à restauração florestal, 11% de preservação da cobertura florestal, 9% de agricultura e 2% de energia proveniente do processamento de resíduos.

Por meio da tokenização dos créditos de carbono, isto é, a digitalização dos certificados em redes blockchain, esses ativos podem ser fracionados e oferecidos às pessoas, de forma segura e transparente, democratizando o acesso a esse instrumento e proporcionando maior engajamento. Na outra ponta, a adoção dos critérios ESG coloca todas as empresas como agentes fundamentais no desenvolvimento desse mercado.

Especialistas apontam ainda que, no âmbito dos critérios ESG, além do foco primário no E, do meio ambiente ("environment", em inglês), a tokenização atende também o G, de governança. O próprio blockchain garante a transparência de todas as informações e transações, uma vez que são públicas e não podem ser alteradas.

Desse processo de tokenização de créditos de carbono nasceu o Moss Carbon Credit (MCO2), token da Moss, maior plataforma ambiental do mundo, que atua na preservação de florestas, remunerando os proprietários das mesmas.

O MCO2 foi lançado em março de 2020 e já direcionou R$ 150 milhões em projetos de preservação da Amazônia, tendo compensado 230 mil toneladas de carbono. O token da Moss está disponível em exchanges (plataformas de negociação de criptoativos) nacionais e estrangeiras, como o Mercado Bitcoin, NovaDax e Foxbit, além das gigantes norte-americanas Coinbase e Gemini.

Além de estar disponível para pessoa física, a Moss tem parcerias com empresas como Gol, iFood, C6 Bank e Sofisa, pelas quais compensam suas emissões de carbono de suas respectivas atividades econômicas.

“Observando o mercado de carbono, percebemos uma grande oportunidade de, de fato, incentivar os proprietários de terra a manterem as florestas em pé”, conta Fernanda Castilho, diretora operacional da Moss. “Focamos em projetos de conservação justamente para evitar o desmatamento e criar um incentivo financeiro para que os proprietários de terra, ao invés de desmatar para agricultura ou pecuária, protejam suas áreas com esses projetos de carbono. Criamos créditos de carbono em grande volume e vendemos para empresas ou pessoas físicas que desejam compensar suas emissões.”

A virada de chave nesse mercado, segundo Fernanda, foi a adoção do blockchain, as redes de registros criptografados, públicas e compartilhadas. “Esse mercado de carbono já teve muitas fraudes, era um mercado muito machucado. Registrar o crédito de carbono no blockchain adicionou uma camada extra de segurança, porque você consegue rastrear de onde aquele crédito veio, ter certeza de que ele não foi vendido mais de uma vez.”

Com presença em 16 países da América do Sul, Europa, África, América do Norte e até na Antártida, a Ambipar, que atua na área de gestão ambiental, lançou no final do ano passado, o Ambify (ABFY), token de crédito de carbono que permite às pessoas fazerem suas compensações diretamente na plataforma digital da empresa.

João Valente, diretor de ativos digitais da Ambipar, explica que, pelo aplicativo Ambify, as pessoas podem calcular quantos quilos de carbono geram todos os dias, em cada tipo de atividade e consumo, e podem fazer sua compensação por meio do crédito adquirido via token. Recentemente, o Ambify foi listado e está disponível para aquisição na Foxbit, além da própria plataforma da empresa.

“Com o fracionamento do crédito de carbono que o token permite, a pessoa pode compensar um almoço, um café, o transporte para casa, para uma festa, para o trabalho”, explica Valente.

Assim como Fernanda, Valente alerta que existem muitos projetos de crédito de carbono, mas que apenas pouco mais de uma dezena têm lastro em projetos certificados. “A Verra [certificadora internacional de projetos de crédito de carbono] certifica nossos créditos e gera um 'serial number', que é o que dá esse lastro, é como se fosse um chassi”, ilustra. “A Ambify pega esse serial number e "imprime" ele dentro da blockchain, gerando o token.”

“Quando você compensa seu almoço”, continua Valente, “o token deixa de existir e o serial number é "aposentado", que é o nome que se dá para a forma de não negociação. Esse processo garante que aquele crédito de carbono não é vendido mais de uma vez.”

Além disso, acrescenta Valente, a pessoa pode comprar o token de crédito de carbono hoje para poder compensar suas emissões no futuro.

Também no final do ano passado, a Celo4 Earth, empresa brasileira especializada em tecnologia, inovação e soluções para o meio ambiente, em parceria com a exchange BitcoinToYou, lançou o token CO2 Redress (CO2R), a partir de créditos de carbono de projeto de substituição de combustíveis fósseis por biomassa e gás natural.

Blockchain e ESG é um real exemplo do clássico "juntar a fome com a vontade de comer”.

Reinaldo Rabelo, presidente do Mercado Bitcoin, plataforma pioneira na comercialização de ativos alternativos, reforça que a tokenização de créditos de carbono, não só facilita o acesso do cidadão a esse mercado, como garante a fidelidade e transparência do ativo em si. “Com as informações que são registradas no blockchain, você consegue confirmar se aquilo é real ou não, se o que acontece na vida física é real ou não”, afirma. “A pessoa tem a certeza de que o que ela comprou é real e lá na ponta, o projeto vai receber o recurso.”

O blockchain pode ser um aliado altamente eficaz no combate ao chamado “greenwashing”, ações que “parecem” ESG, mas não são. “Muita gente diz que está fazendo preservação ambiental, mas na prática está fazendo só marketing”, pontua Rabelo. “Agora, esses projetos que não pretendem necessariamente uma associação de marca, o que é mais um elemento a favor do processo de tokenização, são mais verdadeiros e de fato precisam criar valor para quem vai colocar dinheiro ali.”

Fonte: Valor Invest

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