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Em "Para Qué", o ex-presidente argentino deixa o mea culpa de lado e tenta apontar soluções para o país, além de fazer duras críticas ao atual presidente, Alberto Fernández De olho nas eleições de 2023 na Argentina, o ex-presidente Mauricio Macri lançou, na semana passada, "Para Qué", seu segundo livro. Como "Primer Tiempo", publicado em 2021, a obra é baseada em sua trajetória política, com propostas generalistas de soluções para os problemas do país.O livro serve para Macri manifestar a pretensão de se lançar à Presidência outra vez. Ele, que ainda não se declarou oficialmente pré-candidato, seria o terceiro postulante de sua aliança de centro-direita, Juntos por el Cambio. Os outros dois são o atual chefe de governo da cidade de Buenos Aires, que tem status de província, Horacio Rodríguez Larreta, e a ex-ministra de Segurança Patricia Bullrich.Se em "Primer Tiempo" Macri deu justificativas para as promessas não cumpridas por sua gestão, que teve de pedir um empréstimo de US$ 56 bilhões ao FMI e terminou com uma tentativa fracassada de reeleição, em "Para Qué" ele deixa o mea culpa de lado e tenta apontar soluções -além de fazer duras críticas ao atual presidente, Alberto Fernández, também alvo frequente do brasileiro Jair Bolsonaro (PL).Ironia ou não, a ideia de lançar um livro antes de anunciar uma pré-candidatura foi a estratégia de sua rival, a ex-presidente Cristina Kirchner na eleição de 2019. A biografia "Sinceramente" foi publicada meses antes da entrada na disputa como vice na chapa de Fernández. Com a obra, ela fez eventos de lançamento, com direito a discursos de campanha, de norte a sul do país.Macri parece seguir os mesmos passos. Desde a última terça (18), quando "Para Qué" chegou às livrarias, o ex-presidente já deu entrevistas a vários meios de comunicação locais de linha editorial crítica ao kirchnerismo. Agora, prepara-se para os lançamentos presenciais nas próximas semanas.AutoajudaO subtítulo da obra — "Aprendizados sobre Liderança e Poder, para Vencer o Segundo Tempo" — insinua o tom de autoajuda do texto, editado por seu ex-ministro da Cultura, Pablo Avelluto.Macri recorre a experiências de "líder de equipe", como presidente do Boca Juniors, chefe do governo de Buenos Aires e presidente, para defender o que seria a eficiência de seus métodos, como reuniões rápidas e pontuais e acareações entre funcionários que têm diferenças ou que estejam falando mal um do outro.O ex-chefe da Casa Rosada traça uma linha do tempo do general Juan Domingo Perón (1895-1974) até Cristina, sua antecessora, para apontar o populismo como uma das razões da crise argentina e da deterioração do cenário político e econômico. "Temos que mudar isso. O mesmo país onde o populismo nasceu na América Latina deve enterrá-lo", afirmou ele, em entrevista ao canal La Nación+.O que não foi bom em seu governo é tratado como "populismo light" — ou seja, a política do gradualismo, em que subsídios implementados pela, hoje, vice foram retirados, com a elevação de tarifas de serviços.No livro, Macri diz que a sociedade argentina atual estaria mais preparada para essas ações, que à época desgastaram sua popularidade. "O 'populismo light' não é uma opção. O gradualismo foi produto de nossa debilidade, não de nossa vocação. Num próximo governo haverá mais força e mais condições para realizar reformas estruturais já nas primeiras horas do mandato", escreve.O político também se mostra mais contundente do que de fato foi no poder no discurso em favor de reformas trabalhistas e da desburocratização do Estado. "Devemos ter a valentia de acabar de uma vez com legislações obsoletas no que diz respeito a trabalho, Previdência e política fiscal. Uma das coisas que aprendi na Presidência é que, se você não fizer as coisas de cara, é provável que nunca poderá fazer."Outra crítica se dirige ao protecionismo na economia e aos altos gastos sociais de Fernández. "O Estado argentino colapsou, e o próximo governo não estará em condições de seguir defendendo o protecionismo às custas dos consumidores. Somos uma gigantesca fábrica de déficit, inflação e pobreza." Num tom muito mais elevado do que o de sua última campanha, defende ainda uma política de privatizações.O livro tem trechos de tom romântico e até ingênuos, algo também presente em "Primer Tiempo". "Esse livro trata do misterioso caminho até a felicidade. É sobre minha viagem pessoal e o que aprendi nela. É a razão de tantas coisas vividas e que ainda estão por fazer. Para que ser presidente de um clube de futebol, para que mudar uma cidade e mudar um país?", questiona-se, com a expressão que dá título à obra."Para Qué", aliás, não é o único livro recém-lançado pela família Macri. A ex-primeira-dama Juliana Awada acaba de publicar "Raízes", com dicas e receitas que elaborou durante a pandemia. Quando Macri era presidente, ela entretinha seus seguidores com os avanços da horta que cultivou na residência oficial.PARA QUÉPreço: 13,99 (R$ 71,09, epub)Autor: Maurício MacriEditora: Editorial PlanetaLink: https://www.planetadelibros.com/libro-para-que/364114Capa do livro "Para Qué", do ex-presidente argentino Mauricio Macri Reprodução